Relatório da ONU aponta mulheres como principais vítimas de tráfico humano

  • Por Jovem Pan
  • 07/01/2019 12h30 - Atualizado em 07/01/2019 15h03
ACF OPA/Flickr Em 2016, 75 mulheres e meninas brasileiras foram vítimas de tráfico de pessoas para exploração sexual

O escritório da ONU contra Drogas e Crime (UNODC) divulgou nesta segunda-feira (7) o Relatório Global sobre Tráfico Humano 2018. Na lista de revelações do documento, uma chama a atenção para a América do Sul. A maior parte das vítimas de tráfico humano é mulher (82%) e seu destino é majoritariamente a exploração sexual. Dois terços dos presos por tráfico de pessoas são homens.

Com o recorte etário, é possível notar grande discrepância entre homens e mulheres enquanto alvos. Mulheres adultas somam 55% do total, enquanto meninas chegam a 31%. Já os homens adultos representam 12%; meninos são 6%.

O relatório compila dados de 2016, os mais atuais registrados, e evidencia a exploração sexual como principal fator motivador do tráfico de pessoas na América do Sul – de ambos os gêneros – somando 58%. Em segundo lugar estão os trabalhos forçados, com 32% do total. Ao todo, há 0,7 vítima para cada 100 mil habitantes sul-americanos.

No Brasil, os números totais registrados diminuíram entre 2014 e 2016, de 78 para 39 casos registrados pela Polícia Federal. Em compensação, outros dois indicadores tiveram mudanças negativas. O número de mulheres e meninas traficadas para exploração sexual teve um salto de 2014 para 2015, mas registrou ligeira redução em 2016. Já o número de pessoas presas por tráfico humano caiu de 110, em 2014, para 43, em 2016. Os dados sugerem que os crimes podem não ter diminuído, mas o sucesso nas investigações sim.

“Em 2014, autoridades brasileiras relataram 44 vítimas traficadas com o propósito de exploração sexual, 26 adultos do sexo feminino e 18 crianças do sexo feminino. Em 2015, as autoridades relataram 101 vítimas traficadas para o mesmo fim, 51 mulheres adultas e 50 crianças do sexo feminino. Para a mesma finalidade em 2016, relataram autoridades 75 vítimas, 33 mulheres adultas e 42 mulheres crianças”, diz o relatório.

Na Bolívia e no Peru, a maioria das vítimas é crianças. No Equador, quase metade dos casos são menores de idade.

No mundo, analisados 142 países, pode-se notar que 59% de todas as pessoas que são vítimas de tráfico humano tem como destino exploração sexual. Este é, segundo o relatório, o principal crime da escravidão moderna.

A publicação demonstra que há um padrão global para os sequestros e o tráfico. Esse padrão é facilmente percebido nos casos da Argentina e Paraguai, em que 50% dos casos são de pessoas forçadas a trabalhar. Essas pessoas são, em geral, pobres e vivem em regiões de pouca estrutura e segurança, marginalizadas. As principais tarefas em trabalhos forçados são a pesca e tarefas domésticas.

Em terceiro lugar na lista dos destinos dos sequestrados está o tráfico para adoção ilegal. Na Bolívia, por exemplo, foram registrados 170 casos entre 2014 e 2017.

*com informações da EFE

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