Renan Calheiros diz que Congresso será “fiscal do ajuste” e compara medidas a cirurgia com anestesia

  • Por Jovem Pan
  • 01/05/2015 12h53
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Renan Calheiros disse em discurso pelo 1º de maio que Congresso está do lado dos trabalhadores e defendeu aumentar gasto com empresas

Reprodução Renan Calheiros disse em discurso pelo 1º de maio que Congresso está do lado dos trabalhadores e defendeu aumentar gasto com empresas

O presidente do Senado Renan Calheiros voltou a criticar – desta vez indiretamente – os interesses do governo Dilma.

Em pronunciamento pelo Dia do Trabalhador nesta sexta (1º) Renan mostrou que o Congresso dará trabalho para aprovar todos os pontos do ajuste fiscal que a equipe econômica de Dilma pretende implementar. (assista abaixo)

“O Congresso Nacional não será um mero expectador do ajuste fiscal. O Congresso é o próprio fiscal do ajuste”, disse o peemedebista. “Os trabalhadores brasileiros podem ter certeza de que o Congresso Nacional não fará o ajuste a qualquer preço. Nós zelaremos semore pela distribuição dos sacrifícios, até que o Brasil retome o caminho do crescimento”, afirmou também Renan na conclusão de seu discurso.

Calheiros comparou a economia a um paciente com câncer e defendeu a necessidade de dupla intervenção, tanto a cirúrgica, como a anestésica.

“Não podemos agir como aquele cirurgião que economiza custos e faz a cirurgia sem anestesia. Tampouco, podemos anestesiar e não fazer a cirurgia. É preciso extrair o tumor, mas sem dor, ou com o mínimo de dor, com o mínimo de sofrimento”, afirmou.

Por fim, o presidente do Senado propôs um “pacto em defesa do emprego”, para estimular empresas que mais gerem postos de trabalhos e, em sua visão, “aliviar as dores dos mais vulneráveis”.

“Nesse pacto, vamos propor um estímulo aos setores mais intensivos em mão de obra. Um exemplo é aumentar as compras governamentais das empresas que criarem mais empregos. Uma outra iniciativa seriam os bancos públicos oferecerem mais créditos a juros menores àqueles que podem gerar mais empregos”, disse Renan. Ou seja, o líder do Legislativo sugeriu aumentar os gastos do governo com empresas no momento em que o Executivo tenta aplicar o ajuste.

Veja a íntegra do discurso de Renan Calheiros:

Neste Primeiro de Maio, Dia do Trabalhador, sempre é preciso lembrar de que lado está o Congresso Nacional. O Congresso está e sempre estará ao lado dos trabalhadores e contra todos aqueles que, venham de onde vierem, tentarem impor aos trabalhadores, aos mais pobres, sacrifícios, sobretudo neste momento em que a economia não vai bem.

O Congresso Nacional não será um mero expectador do ajuste fiscal. O Congresso é o próprio fiscal do ajuste.

Ajuste que penaliza o trabalhador é desajuste.

Antes de ajustar as contas públicas, desajusta o equilíbrio social, sem o qual nenhuma economia sobreviverá.

Ajuste digno desse nome é o que corta despesas, é o que aumenta a eficiência, é o que melhora a qualudade dos serviços públicos, é o que combate o desperdício.

Tudo isso antes de recorrer ao inapropriado aumento de impostos, que sobrecarrega o já pesado fardo dos contribuintes, aumento das tarifas públicas ou aumento dos juros.

Por isso, proponho, em nome do Congresso Nacional, o pacto pela defesa do emprego.

É um pacto temporário, transitório, com hora para acabar. Só permanecerá enquanto durar a recessão, até que o Brasil volte a crescer.

Nesse período, temos que ter o compromisso, do governo e do Legislativo, de não criar nenhuma regra que prejudique o trabalhador, nenhuma medida que cause dano ao emprego

Nesse pacto, vamos propor um estímulo aos setores mais intensivos em mão de obra. Um exemplo é aumentar as compras governamentais das empresas que criarem mais empregos.

Uma outra iniciativa seriam os bancos públicos oferecerem mais créditos a juros menores àqueles que podem gerar mais empregos.

Por que não desonerar, e essa seria uma outra possibilidade, de maneira definitiva e criteriosa, como consequência de uma política e industrial, as atividades que geram mais empregos, mantendo parte da desoneração na folha de pagamento?

Essa é outra medida do pacto pela defesa do emprego. Tudo isso, e muito mais pode ser feito. O que não pode é não fazer nada.

Não podemos agir como aquele cirurgião que economiza custos e faz a cirurgia sem anestesia. Tampouco, podemos anestesiar e não fazer a cirurgia. É preciso extrair o tumor, mas sem dor, ou com o mínimo de dor, com o mínimo de sofrimento.

O pacto em defesa do emprego pretende aliviar as dores dos mais vulneráveis, dos que precisam de mais cuidados. É preciso ter meta fiscal, claro. É preciso ter meta inflacionária, claro. Mas devemos definir com igual rigor a meta de empregos.

Ainda mais durante o ajuste e a recessão da economia.

Não podemos fazer um ajuste míope, capenga, meramente trabalhista.

Os trabalhadores brasileiros podem ter certeza de que o Congresso Nacional não fará o ajuste a qualquer preço. Nós zelaremos semore pela distribuição dos sacrifícios, até que o Brasil retome o caminho do crescimento.

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