Renan e Jucá divergem sobre reforma trabalhista

  • Por Estadão Conteúdo
  • 28/06/2017 09h19
Brasília - O senador Romero Jucá e o presidente do Senado, Renan Calheiros, durante sessão do Congresso Nacional para analisar e votar o projeto de lei que altera a meta fiscal de 2016 (Marcelo Camargo/Agência Brasil) Marcelo Camargo/Agência Brasil Romero Jucá e Renan Calheiros

Às vésperas da votação da reforma trabalhista na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), dois dos principais nomes do maior partido no Senado trocaram farpas ontem sobre a tramitação do projeto. Após Renan Calheiros (PMDB-AL) defender o adiamento da votação diante das denúncias contra Michel Temer, Romero Jucá (PMDB-RR) reagiu em defesa do presidente e ameaçou retirar o colega da liderança do partido.

Uma amostra da divisão do partido do presidente Temer e de eventuais dificuldades do governo em aprovar reformas no Congresso aconteceu quando Renan e Jucá discutiram no plenário do Senado. Lá, a reforma trabalhista será votada na CCJ e, depois, no plenário antes da sanção presidencial.

Renan, líder do PMDB no Senado, disparou contra a reforma trabalhista: “Temer não tem confiança da sociedade para fazer essa reforma trabalhista na calada da noite. Num momento em que o Ministério Público, certo ou errado, apresenta denúncia, não há como fazer uma reforma que pune a população”. Ele ameaçou trocar nomes na bancada do PMDB na CCJ para tentar prejudicar a aprovação da reforma. “Se o jogo for esse, vou admitir mudanças na composição da CCJ.”

Jucá, presidente do PMDB e líder do governo, reagiu com a ameaça de tirar Renan da liderança do partido com a alegação de que a reforma trabalhista não é uma pauta de Temer, mas do País. “A posição do senador Renan sobre mudar membros da CCJ me estranha. Fizemos uma reunião de bancada em que, por 17 votos a 5, decidimos pelo apoio às reformas e pela manutenção de Renan na liderança. Se ele mudar membros da CCJ, podemos mudar liderança do PMDB”, disse.

A disputa no Senado é uma amostra do intenso jogo de forças que ocorre em Brasília antes da votação do projeto na CCJ. O Palácio do Planalto também está ativo e, mesmo com a denúncia do procurador-geral Rodrigo Janot, Temer fez articulações na tarde de ontem pela reforma trabalhista.

Segundo fontes, houve uma romaria de parlamentares ao gabinete presidencial. Auxiliares dizem também que, em meio à escalada da crise política e com Michel Temer denunciado, é fundamental que a base “mostre serviço” na CCJ e busque imprimir um clima de superação no Congresso para tentar injetar capital político ao presidente. 

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