Respiradores que passaram pela Etiópia já estão em uso no Maranhão

  • Por Jovem Pan
  • 16/04/2020 21h31 - Atualizado em 16/04/2020 21h32
EFE/EPA/MADRID REGIONAL PRESIDENCY Após três tentativas frustradas, materiais vieram por uma rota alternativa, evitando os EUA e a Alemanha

O governador do Maranhão, Flávio Dino, comemorou nesta quinta-feira (16) o fato de os 107 respiradores adquiridos na China — e que chegaram ao estado por uma rota alternativa depois de três tentativas de compra fracassadas — já estarem disponíveis para utilização em hospitais locais.

Dino (PCdoB) afirmou que o governo estadual colocou em prática uma verdadeira operação de guerra, que contou com o uso de uma rota alternativa — passando pela Etiópia — para driblar a concorrência dos Estados Unidos, da Alemanha e do próprio governo federal.

“Há uma super demanda frente a uma deficiência de oferta, e isso faz com que um conjunto de empresas e também de governos usem uma série de instrumentos para conseguir receber esses produtos. No nosso caso, tivemos três tentativas frustradas”, disse o governador.

Três tentativas frustradas

A empreitada do Maranhão, que registra 695 casos confirmados e 37 óbitos por coronavírus até o momento, começou em março, quando o governador reservou um lote de respiradores de uma fábrica em Santa Catarina. Porém, o pedido foi bloqueado pelo governo para que os equipamentos fossem distribuídos pelo Ministério da Saúde.

Em seguida, Dino reservou 150 respiradores da China, mas a Alemanha ofereceu um valor superior pela mercadoria e ficou com a carga. Pouco depois, a situação voltou se repetir. Porém, dessa vez, foram os Estados Unidos que interferiram nas negociações.

Diante desse cenário, o governo maranhense montou o que chamou de uma “operação de guerra”, que contou com a ajuda de empresas locais, mobilizou uma equipe de 30 pessoas e teve custo de cerca de R$ 6 milhões.

O estado negociou com uma companhia da cidade chinesa de Guangzhou e combinou que a carga, composta por 107 respiradores e 200 mil máscaras de proteção, seria enviada para a Etiópia, a fim de escapar dos radares da Europa e dos EUA.

“Felizmente essas empresas identificaram essa rota passando pela Etiópia, e foi possível (trazer a carga). Tudo correu sem nenhum problema”, afirmou Dino.

Ao desembarcar no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, o governador explicou que os materiais foram “imediatamente” colocados em um voo fretado com destino à capital maranhense, São Luis, para evitar “qualquer contratempo”.

“Não havia nenhuma indicação objetiva de que ocorreria (imprevistos), mas os casos anteriores fizeram com que tivéssemos cautela redobrada”, argumentou.

Dino analisou, ainda, que o excesso de zelo mostrou-se “acertado”, já que, depois de 35 dias de trabalho, os equipamentos comprados da China finalmente estão disponíveis nos hospitais maranhenses.

“Desde ontem, esse material já está sendo usado no nosso sistema hospitalar, uma vez que, infelizmente, nós temos um grande crescimento de casos de Covid-19”, comentou.

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde do Maranhão, o estado contabiliza 37 mortes e 695 pessoas infectadas pelo novo coronavírus. As autoridades locais monitoram ainda 3.202 casos suspeitos.

Em relação ao panorama nacional, o Ministério da Saúde informou hoje que o país registrou 188 novas mortes por Covid-19 nas últimas 24 horas, elevando o número total de óbitos pela doença a 1.924. Além disso, já foram confirmados 30.425 casos de infecção pelo coronavírus.

* Com EFE

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.