Responsável por projeto na Maré instala aviso no teto: ‘Escola. Não atire’
“Escola. Não atire”, foi o que a artista plástica Yvonne Bezerra de Mello escreveu em placa instalada no teto da casa onde dirige o projeto Uerê, no Complexo da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro. Ela pretende, com isso, evitar que alunos e funcionários sejam baleados durante operações na comunidade.
Na última segunda-feira (6), um tiroteio deixou oito mortos no complexo. Imagens divulgadas nas redes sociais mostraram crianças de escolas municipais correndo pela rua e abrigadas nos corredores de uma escola, para se protegerem das balas, e um vídeo publicado no Facebook indicou que havia um helicóptero sobrevoando casas na Vila do João, uma das comunidades da Maré.
Segundo Yvonne, no passado, atiradores de elite em helicópteros já abriram fogo contra a escola. “Por essas e outras que coloquei no teto e na fachada do Uerê para ver se não nos matam em dias de confronto. Uma vez um helicóptero metralhou a escola. A que ponto chegamos!”, afirmou. Ela divulgou as imagens das placas no mesmo dia do confronto da última semana.
O Uerê é uma ONG, surgida na década de 1990 para atender crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem relacionados a traumas provocados pela violência. Sua fundadora ficou conhecida após a Chacina da Candelária, em 1993, por conta do seu trabalho de acompanhamento de sobreviventes.
Yvonne se posicionou também contra a atuação de atiradores de elite (snipers). “Atirar com snipers dentro de comunidades densamente povoadas é contra a lei”, lembrou.
No ano passado, o então secretário estadual de Segurança do Rio, general Richard Nunes, proibiu que helicópteros da polícia atirassem em forma de rajada durante operações em comunidades e determinou que somente fossem feitos disparos em legítima defesa da tripulação, das equipes em terra e da população. A medida consta de instrução normativa editada em 2 de outubro.
* Com informações do Estadão Conteúdo
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