Reunião com advogados de Odebrecht foi dentro de suas atribuições como ministro, diz Cardozo
O deputado Bruno Covas (PSDB-SP) questionou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, sobre audiências realizadas entre o ministro e advogados de empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato na sede do ministério. Cardozo explicou que teve apenas uma reunião com advogados da Odebrecht que queriam apresentar duas representações denunciando supostas irregularidades em fatos que envolvem a Lava Jato.
O ministro disse que encaminhou uma representação à Polícia Federal e a outra à Procuradoria-Geral da República. “Estou submetido a sigilo sobre o assunto tratado, mas a reunião se deu dentro das atribuições do Ministério da Justiça”, esclareceu. “O próprio juiz Sérgio Mouro [responsável pelo inquérito da Lava Jato] afirmou que não havia notícias ou provas de que eu pudesse interferir no processo”, justificou.
Cardozo afirmou ainda que o advogado não pode ser criminalizado no exercício de suas atribuições. “Só nas ditaduras que não se recebiam advogados. Advogados serão sempre recebidos por mim”, disse.
Encontro em Portugal
Covas também questionou o ministro sobre encontro ocorrido há alguns dias entre ele, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, e a presidente Dilma Rousseff na cidade de Porto, em Portugal. Covas afirmou que gostaria de saber se o encontro tratou apenas do reajuste dos servidores do Judiciário, aprovado pelo Senado, ou se conversaram também sobre as investigações da Lava Jato.
Cardozo negou que tenham tratado das investigações e disse que o encontro não foi sigiloso. “O jantar entre nós foi público, não foi sigiloso. O encontro não constou em minha agenda, porque a agenda publicada era a do secretário-executivo, que estava me substituindo à época. Não há anormalidade em encontros de chefes de poder em qualquer lugar do Brasil ou do mundo”, explicou.
Permanência no cargo
O deputado Altineu Côrtes (PR-RJ) perguntou ao ministro se ele está cansado e pretende sair do cargo. “Sou o ministro que mais permaneceu no âmbito do Ministério da Justiça. Estou no cargo porque acredito na presidente e acredito no seu projeto. No dia em que ela não quiser que eu fique, saio e vou continuar defendendo o seu governo”, respondeu.
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