Revista diz que doleiro disse que Dilma e Lula sabiam de corrupção na Petrobras; advogado desconhece
A Revista Veja publicou reportagem nesta semana em que revela mais um trecho da delação premiada do doleiro Alberto Youssef, preso desde maio pela Polícia Federal na operação Lava-Jato, acusado de intermediar a movimentação de parte dos R$ 10 bilhões que teriam sido desviados da Petrobras. Youssef fala em acordo de delação premiada, em que recebe benefícios e redução de pena à medida que revela detalhes do esquema. Tudo que Youssef tem narrado até então é com base em sua memória, diz Veja.
“O (Palácio do) Planalto sabia de tudo”, teria dito Youssef segundo a publicação. “Mas quem no Planalto?”, questionou o delegado presente na sala de interrogatório. “Lula e Dilma”, teria respondido o doleiro. A fala teria sido dada na última terça-feira, 21. Os advogados de Youssef, porém, se disse surpreso com a matéria e afirmou desconhecer o teor desse depoimento. “Nunca ouvi nada que confirmasse isso”, disse Antonio Figueiredo Bastos ao “O Globo”.
A matéria de Veja ainda afirma que Youssef tem condições de provar o conhecimento da atual presidente candidata à reeleição e o ex pelo contato que tinha com ambos, pelos valores compreendidos e pelo relacionamento com membros do PT. Ele teria “mais de 10 mil notas fiscais” como evidências de tudo o que diz e do envolvimento de todos que cita – o que inclui outras dezenas de políticos.
Youssef era o responsável pela lavagem de dinheiro dos desvios na estatal. Por meio de seu ofício, mandava recursos a contas no exterior e repassava a políticos aliados quando necessário. Recentemente, Youssef teria afirmado à Polícia também que fez pagamentos a João Vaccari Neto, tesoureiro do Partido dos trabalhadores (PT), para o financiamento de campanhas políticas do partido em 2010.
Outra revelação de Youssef apontada por Veja é de que o ex-presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, teria determinado ao doleiro a captação de R$ 1 milhão de empreiteiras envolvidas no “petrolão” para silenciar empresa de publicidade que ameaçava revelar o escândalo, por ter perdido contrato.
Youssef ainda confirmou depoimento de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da estatal, também preso e também em processo de delação premiada, sobre dinheiro que teria sido entregue à ex-ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann (PT-PR) para sua campanha bem sucedida ao Senado em 2010. Intermediários de Gleisi teriam recebido R$ 1 milhão em quatro parcelas, feitas em shopping de Curitiba.
Resta agora a Youssef apresentar provas para tantas denúncias e aguardar a homologação ou não do Supremo Tribunal Federal do acordo de delação feito entre o doleiro e a Polícia Federal.
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