Salles não divulga novos dados de desmatamento na Amazônia: ‘Postura inconsequente’

Ele questionou os dados do Inpe e afirmou que houve “lapsos temporais não contabilizados no momento adequado”

  • Por Jovem Pan
  • 01/08/2019 16h36 - Atualizado em 01/08/2019 16h45
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Marcelo Camargo/Agência Brasil Ministro sugeriu que precisa-se reconsiderar as atividades na região amazônica que são ditas como ilegais

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, voltou a dizer, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (1) para apresentar os dados do desmatamento na Amazônia, que os números divulgados nesta semana pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de 88% a 212% de aumento em junho de 2019, são sensacionalistas e incorretos.

De acordo com ele, houve “lapsos temporais não contabilizados no momento adequado”. Por exemplo, 31% dos desmatamentos apontados para o mês de junho de 2019 já vinham acontecendo, alguns desde 2017. Além disso, foi encontrada duplicidade de áreas, ou seja, desmatamentos que já haviam sido computados no passado e foram colocados na conta novamente.

“Nosso objetivo não é esconder informações ou negar a realidade do desmatamento, que vem aumentando desde 2012, mas sim verificarmos o quanto disso de fato é procedente e o quanto não é. É preciso retirar um pouco do sensacionalismo que está por trás destes números e colocar mais racionalidade no tema.”

Questionado se teria como divulgar os dados reais, Salles afirmou que “trata-se de uma postura inconsequente calcular com tantas desinformações”. Segundo ele, “não se quer desqualificar os números e distorcer as análises, mas sim dar o tempo necessário para a complexidade das informações”.

Ele ressaltou ainda que esta é uma “questão apolítica”. “Não se trata de alocar os números em algum governo, mas apenas dizer que os dados deveriam ter sido computados ao longo do que ia acontecendo e a fragilidade disso não aconteceu”, explicou.

Deter será mantido, mas melhorado

Para tornar os dados mais corretos e acurados, o ministro explicou que será mantido o Sistema de Detecção do Desmatamento na Amazônia Legal em Tempo Real (Deter), mas que será contratado um pacote de imagens de alta resolução, que fornece dados diários e detalhamento dos polígonos, o que “permite à equipe fazer um planejamento de ações mais assertivo”.

Além disso, serão colocados recursos no sistema do TerraClass, que faz análises a cada dois anos, para “saber quais foram os motivos e as possíveis causas do desmatamento”. “Nós continuaremos utilizando o Deter para nos orientar no trabalho de fiscalização, não queremos desconsiderar isso, mas sim melhorar ainda mais.”

O TerraClass é um sistema que utiliza a base de dados do projeto PRODES (Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite). O segundo faz o mapeamento das áreas, enquanto o primeiro investiga os motivos e aponta as possíveis causas da derrubada de árvores. De acordo com Salles, o PRODES já fechou a análise dos dados e deve, em dois meses, chegar ao número final, que será o considerado pelo ministério.

‘Atividades ilegais na Amazônia precisam ser revistas’

O ministro sugeriu também que precisa-se reconsiderar as atividades na região amazônica que são ditas como ilegais, e tratar de “maneira franca, madura e direta” quais são as razões para o desmatamento ilegal da Amazônia, em vez de ignorar a origem disso. “Precisamos verificar as questões que precisam ser tratadas de maneira séria para realocar projetos que não deveriam estar jogados na ilegalidade”, disse Salles.

“Quando você nega o desenvolvimento de uma região, faz de conta que ninguém mora lá, que não há a mineração… E ao fazer isso, a consequência é que as pessoas que vivem na floresta acabam sendo jogadas na ilegalidade”, afirmou. “Vamos fazer de forma transparente a discussão do dinamismo econômico da Amazônia”, completou.

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