São Paulo tem 1,16 milhão de infectados pelo coronavírus, estima pesquisa da Prefeitura

Segundo o inquérito sorológico liderado pela gestão Bruno Covas (PSDB), o número é superior ao de outros países que fizeram pesquisas parecidas, como França e Espanha

  • Por Jovem Pan
  • 23/06/2020 14h39
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SUAMY BEYDOUN/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO Expansão das atividades econômicas nos últimos meses reacende clima de otimismo

Os primeiros resultados de um inquérito sorológico realizado pela Prefeitura de São Paulo sobre o coronavírus indicou que 9,5% de toda a população, ou 1,16 milhão de pessoas, foram expostos à doença. Segundo a Prefeitura, é uma taxa maior que de outros países que fizeram inquéritos parecidos, como França e Espanha. Oficialmente, a cidade tinha 118 mil casos confirmados da doença.

Dessa forma, segundo o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, a taxa de mortalidade da doença na cidade é de cerca de 0,5 morte para cada 100 mil infectados.

“Sem a taxa de prevalência, a taxa de letalidade na cidade de São Paulo era de 26 casos para 1 mil infectados. O inquérito sorológico nos apresenta o real cenário da letalidade. A taxa de letalidade é de 0,5%, 5 pessoas a cada 1 mil infectados”, afirmou. O levantamento é uma pesquisa feita com 5.446 indivíduos, que foram testados pela Prefeitura após terem sido escolhidos por sorteio, de forma a contemplar todas as regiões na cidade.

Divididas por região, essa taxa de infecção varia. Na zona leste, a doença já chegou a 12,5% dos moradores. Na zona sul, a 7,5% da população.

Mortalidade é três vezes maior nos bairros da periferia

A Prefeitura também apresentou um mapa sobre a mortalidade da doença feita de acordo com a população de cada um dos 96 distritos da cidade. A imagem mostra que a letalidade da doença é maior nos bairros da periferia.

Há oito bairros onde a taxa é acima de 120 mortes para cada 100 mil habitantes: Iguatemi, Guaianases, Lajeado e Jardim Helena (os bairros da fronteira leste da cidade), Brasilândia e Cachoeirinha, da zona norte, e a Sé, no centro. Fechando a lista, há o Brás, também da região central, que é o líder de casos. Ali, a taxa de mortes para cada 100 mil habitantes é superior a 140 casos.

Por outro lado, há cinco bairros da cidade em que essa taxa é de até 40 mortes para cada 100 mil habitantes, todos regiões onde o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é muito elevado: Perdizes e Pinheiros, na zona oeste, Moema e Jardim Paulista, na zona sul, e Bela Vista, no centro.

“Tínhamos uma interpretação distorcida da realidade de óbitos do município”, disse o secretário, ao explicar que Sapopemba (zona leste), Brasilândia e Grajaú (zona sul) eram os bairros que mais vinham obtendo atenção da Prefeitura, pelo número de mortos, enquanto havia outros bairros que, proporcionalmente, estavam em situação mais grave.

Aparecido não fez análises sobre a diferença entre os bairros desenvolvidos do centro e as regiões carentes da periferia. Afirmou, por outro lado, que o inquérito “vai nos permitir identificar em cada distrito da cidade quais foram as comorbidades que se associaram à covid, qual realidade específica de cada um desses diretórios, em que a nossa atenção básica de saúde vai ter que se debruçar e fazer a partir desse momento”.

A pesquisa faz parte do processo de reabertura comercial da cidade, que vem sendo realizada pela gestão Bruno Covas (PSDB) em parceria com o governo João Doria (PSDB). “A estratégia desenvolvida até agora apresentou resultados bastante importantes”, disse Aparecido, ao destacar que, até o momento, não houve pacientes que morreram sem conseguir atendimento médico.

Nova etapa do inquérito sorológico

Em 29 de junho, outras 5.446 pessoas serão testadas em uma nova etapa do inquérito, para avaliar a evolução da doença. O exame feito foi o imunocronomatográfico IgM/IgG – WONDFO, que detecta se o avaliado já teve contato com o vírus, por meio da presença de anticorpos para o coronavírus no sangue, segundo a Prefeitura.

Na apresentação, a Prefeitura disse ainda que a procura aos serviços de saúde por pacientes doentes está em um ritmo menor. Em 21 de maio, segundo os dados da entrevista coletiva, havia 52 pedidos feitos a cada dia por leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Atualmente, essa taxa é de 14 pedidos por dia, o que indica, na avaliação de Aparecido, que a doença está desacelerando. Neste momento, há 246 mil pessoas com sintomas da doença que estão sendo monitoradas pela Prefeitura. Os 118 mil casos confirmados estão dentro deste grupo.

“Um dos momentos mais importantes da pandemia foi quando, há uns 60 dias, nós mudamos o protocolo e as pessoas que a atenção básica (os postos de saúde) identificava com sintomas leves e moderados no território, nas áreas das unidades de saúde, nós passamos imediatamente a monitorar e internar essas pessoas, a colocar essas pessoas para tratamento nos hospitais de campanha”, afirmou o secretário. Dessa forma, conseguiram evitar o agravamento de pacientes que poderiam piorar e precisar de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), de acordo com Aparecido. “Os números, as taxas e os cenários estão sendo monitorados diariamente pela secretaria”, complementou.

“Mesmo com a abertura que nós tivemos há 15 dias da economia, há estabilidade de novos casos aqui no município”, afirmou o secretário. “Agora, qualquer alteração que venha a ocorrer, não há a menor sombra de dúvida que possam ser retomadas (ações de fechamento do comércio)”, continuou, ao ser questionado se, diante da reabertura, poderia haver uma segunda onda de disparada nos novos casos. “Já tivemos várias medidas adotadas pelo prefeito na cidade que a gente avançou quando podia avançar e recuou quando tinha de recuar.”

*Com informações do Estadão Conteúdo

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