São Paulo vai abrir hospital de campanha para Covid-19, diz governo do Estado

O secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, afirmou que o Brasil vive a maior crise pandêmica de sua história e fez um apelo: ‘Nós precisamos de ajuda, porque estamos em guerra’

  • Por Jovem Pan
  • 05/03/2021 16h05 - Atualizado em 05/03/2021 20h32
Rovena Rosa/Agência Brasil Desde o início da pandemia, o Brasil acumula 15.184.790 casos confirmados e 422.340 mortes por Covid-19 O mandatário disse que a abertura de leitos não será feita do mesmo jeito que aconteceu em 2020

O governo do Estado de São Paulo anunciou em coletiva de imprensa nesta sexta-feira, 5, a abertura de hospital de campanha para conter o avanço da Covid-19. O governador João Doria (PSDB) esclareceu, no entanto, que a abertura de novos leitos não será feita da maneira como foi realizada em 2020. “Nós não vamos abrir hospital de campanha como foi no passado recente, sem criticar o que foi feito. Nós estaremos dentro de uma unidade hospitalar. Será um hospital”, disse o governador, que continuou: “Este procedimento (abertura de tendas) não vamos adotar. Já foi feito no passado, mas nós não vamos retomar esse procedimento. Será um hospital dentro de uma unidade hospitalar com a abertura gradual de leitos de UTI. Será um hospital. Fisicamente um hospital”, afirmou Doria. O governador ainda explicou que a abertura de novos leitos de UTI é o “fundamento básico” das ações do governo. “É menos enfermaria e mais Unidade de Terapia Intensiva”, concluiu. 

O secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, também comentou sobre a abertura de novos leitos, esclarecendo que serão utilizadas unidades hospitalares ociosas que já tenham uma estrutura para facilitar a abertura de novos leitos de UTI. “Nós precisamos já ter os hospitais prontos com os leitos e mão de obra. Por isso, estamos usando os hospitais que estejam ociosos ou que tenham uma outra vocação, como as próprias maternidades”, disse Gorinchteyn, citando a disponibilidade de insumos como cilindros de oxigênio e de espaços não utilizados. O secretário também afirmou que a abertura de leitos deve ser feita de forma célere e mencionou a falta de mão de obra médica. “Nós sabemos que a abertura de hospitais de campanha requer um período bastante grande. Nós temos hoje uma disputa de mão de obra de médicos, enfermeiros e fisioterapeutas entre os não Covid, pessoas que sofreram acidente automobilísticos, atropelamento, infarto e o Covid. As duas concorrem com as equipes”, explicou. 

Doria criticou, ainda, o Ministério da Saúde e o comandante da pasta, Eduardo Pazuello, pelo não cumprimento da ordem dada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de reabilitar leitos de UTI no Estado. Outras unidades federativas também acionaram a Corte. “Queria registrar e lembrar ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e aos seus secretários, que vocês não estão acima da lei. Portanto, obedeçam à determinação da ministra do STF, Rosa Weber. A desobediência à lei e à Corte Suprema, eu espero que não tenha que explicar a vocês quais são as consequências disso, pois o Ministério da Saúde não pagou pelos leitos de UTI de São Paulo, da Bahia, do Maranhão, e a partir de ontem também do Ceará“, afirmou o governador. Segundo boletim da Fiocruz divulgado nesta semana, o Estado de São Paulo tem uma taxa de ocupação dos leitos de UTI de 74%, sendo uma das poucas unidades federativas com o índice abaixo de 80%.

Além de explicar sobre os hospitais, Gorinchteyn falou sobre a situação do Brasil, dizendo que o país atravessa uma guerra e que nós vivemos “ a maior crise pandêmica” da nossa história. “Estamos em guerra. Diferente das guerras que nós costumamos ver nos filmes e que as nossas gerações não viveram, com tiros, bombas e mortos espalhados pelas ruas. Nós temos isso acontecendo nos hospitais. Essa realidade acaba sendo vista e ouvida por aqueles que estão na linha de frente. Nós estamos na maior crise pandêmica do nosso país, com um grande número de mortos por dia. Isso é inadmissível, nós temos que conter essa velocidade de expansão”, disse o secretário, que concluiu pedindo voluntários: “Nós precisamos do apoio dos conselhos de classe, do Conselho Regional de Medicina, do Conselho Regional de Fisioterapia, do Conselho Regional de Enfermagem para que nos ajudem com voluntários. Nós precisamos de ajuda, porque estamos em guerra”.

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