‘Se não tivermos reforma política, não volto’, diz Pezão sobre o fim do mandato

  • Por Jovem Pan
  • 30/10/2018 15h40 - Atualizado em 30/10/2018 16h11
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Tânia Rêgo/Agência Brasil Governador do RJ se aproxima do fim do mandato e deve tirar férias da vida política

O atual governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, do MDB, disse, em entrevista às vésperas do fim de seu mandato, que não deve voltar para a vida pública caso a reforma política não aconteça. “Não sei se encerrei na política. Se não tivermos reforma eleitoral, não volto”, revelou.

Pezão passou por maus bocados à frente do governo estadual após a renúncia do seu antecessor e padrinho Sérgio Cabral, também do MDB, em abril de 2014. Ele foi reeleito, dessa vez oficialmente como governador, naquele mesmo ano e assumiu um Rio de Janeiro com déficit de pelo menos R$20 bilhões.

Em 2016, Cabral foi preso e a Lava Jato avançou no estado, levando consigo parte do TCE, Tribunal de Contas do Estado. Para dificultar ainda mais a missão de resolver os problemas da Unidade Federativa, Pezão foi diagnosticado com câncer Linfoma não Hodgkin, no tecido ósseo, motivo pelo qual ficou afastado por um tempo.

“Minha doença foi forte. Saí da licença e fui direto para o Congresso criar uma lei que não existia. Se não fosse minha determinação, não tinha recuperação fiscal. […] nós aderimos a essa lei e em um ano colhemos frutos. Atingimos meta de três anos em apenas um, com corte de despesa, aumento de receita, redução de incentivos e a volta do petróleo. […] conseguimos reduzir mais de 19 mil funcionários. Parecia impossível”, disse.

Não foi Cabral

Pezão também aproveitou a oportunidade para dizer que apesar das “falhas” de seu antecessor, a crise econômica em que o estado mergulhou não foi culpa de Cabral. Ele aponta que o déficit se devia, essencialmente, à queda nos preços dos barris de petróleo, que foram de R$115 em abril de 2014 para R$28 no fim de 2015.

Ele também citou a estagnação das industrias naval, automobilística, siderúrgica, construção civil e metalúrgica. Nem mesmo a Lava Jato escapou de ser responsabilizada. “[Foi] tudo junto. Agora vou entregar bem. Isso me gratifica, por ter lutado. Sem dívida, os fornecedores com 2018 em dia”, cravou.

Quando questionado sobre as acusações de que teria sido beneficiado no esquema de corrupção que condenou seu padrinho político, Pezão citou o arquivamento da investigação contra ele na ocasião da divulgação da primeira lista da Lava Jato, “infelizmente as pessoas não deram destaque ao arquivamento. Investigaram minha vida toda, quebraram meu sigilo, meu e da minha esposa, e fui absolvido por seis a zero. Não tenho problema, minha vida está aberta”, disse.

Descanso, abraços e visitas

Sobre a proximidade do fim do seu mandato, o governador disse que passaria um mês na praia com a família. “Vou ficar um período em Piraí (cidade no interior na qual nasceu), depois volto para o Rio para procurar emprego”,  disse. Ele também chegou a dizer que gostaria de poder “visitar e abraçar” o padrinho, Sérgio Cabral, na cadeia, “tenho vontade [de visitar Cabral]. Mas tenho limitações jurídicas, porque tem processo em que a gente está junto. Tenho vontade de vê-lo e lhe dar um abraço”, contou.

Ainda sobre visitas, o governador não escondeu boa vontade de ir à Curitiba ver o ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva, preso na sede da Polícia Federal. Segundo ele, apesar de não ter recebido apoio de Lula, os dois se dão “muito bem”.

*Com informações de Estadão Conteúdo

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