‘Se perdermos a confiança, será pena capital’, diz Bolsonaro sobre demitir diretores do Inpe
Presidente apontou possibilidade de que dados sobre desmatamento na Amazônia tenham sido divulgados por “má-fé”
O presidente Jair Bolsonaro sugeriu, nesta quinta (1), que poderá demitir parte da diretoria do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) caso haja “má-fé” em divulgação de dados sobre desmatamento pelo órgão. “Se perdermos a confiança, será pena capital”, declarou.
“Esse dado saiu de lá de dentro e tem um estrago grande na nossa imagem. Vamos ver se divulgaram de má-fé para prejudicar governo atual”, afirmou o presidente, negando, mais uma vez, os recentes números divulgados pela entidade. “Se perdermos a confiança, será demitido sumariamente, será pena capital.”
O governo realizou um evento nesta tarde no Palácio do Planalto para apresentar dados a respeito de queda na cobertura florestal da Amazônia no último ano. A apresentação foi feita pelo Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
O chefe da pasta apontou várias imagens de satélite localizadas em diversas regiões da Amazônia que registraram desmatamento. Segundo ele, no entanto, os dados publicados pelo Inpe referem-se a áreas que perderam cobertura florestal no ano passado, mas que só foram computadas em 2019.
“A utilização das informações pra fazer sensacionalismo está equivocada tecnicamente e é um erro de analise enorme”, afirmou Salles. “Pode ser muito bom para fazer manchete, mas prejudica o país.”
A polêmica envolvendo o Inpe e o governo vem acontecendo desde que o órgão divulgou um aumento de 88% no desmatamento da Amazônia em junho, na comparação com o mesmo mês do ano passado. A divergência rendeu ataques públicos entre o diretor do instituto, Ricardo Galvão, e o presidente Bolsonaro.
Na coletiva, o ministro do Meio Ambiente afirmou que o Deter, conjunto de sistemas utilizados pelo Inpe para fazer as análises, não serve para medir o desmatamento. Salles ainda afirmou que o governo realizará uma recomposição do quadro técnico responsável pelos índices no órgão que, segundo ele, é formado por bolsistas e possui “alta rotatividade”.
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