Secretário diz que Bolsonaro ‘é maior aliado em privatizações do que Guedes’

Salim Mattar é responsável por conduzir o plano de privatizações no governo federal

  • Por Jovem Pan
  • 08/08/2019 15h47 - Atualizado em 08/08/2019 15h48
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Reprodução/Ministério da Economia salim mattar "Bolsonaro percebeu que uma forma de acabar com a corrupção é vender estatal", disse

O secretário de Desestatização e Desinvestimentos do Ministério da Economia, Salim Mattar, responsável por conduzir o plano de privatizações no governo federal, afirmou nesta quinta-feira (8) que seu maior aliado no processo de venda das estatais não é o ministro Paulo Guedes, mas sim o presidente Jair Bolsonaro.

“Quando aceitei o convite para fazer parte do governo, Paulo Guedes me disse que íamos vender tudo que fosse possível, mas a minha maior surpresa é que meu maior aliado, por incrível que pareça, não é o ministro Guedes. Meu maior aliado é o presidente Jair Bolsonaro, que está a favor das privatizações”, declarou. “O Estado brasileiro é obeso, burocrático, oneroso e inferniza a vida do cidadão.”

Há quatro meses, contudo, Mattar disse em entrevista à revista Veja que havia ficado “frustrado” com a decisão de Bolsonaro de voltar atrás na intenção de privatizar a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) e a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), responsável pelo trem-bala.

Nesta quinta, em evento do BTG Pactual, Mattar explicou que o presidente é seu maior aliado, pois percebeu que “uma forma de acabar com a corrupção é vender estatal”.

Privatização da Eletrobras

O secretário reforçou ainda que o governo cogita privatizar a Eletrobras, através de capitalização. “A capitalização da Eletrobras é uma necessidade de caixa. A empresa tem R$ 12 bilhões para investir, mas o governo não tem esse dinheiro. Na verdade o governo tem, mas onde deveria colocar esses R$ 12 bilhões, para expandir a Eletrobras ou colocar no social?”, questionou.

Relação com o Legislativo

Mattar afirmou também que tem tratado diretamente com o Congresso sobre a privatização de empresas. “É fundamental ter boa relação com o Legislativo. Esse é o maior desafio”, comentou, ao falar da venda de estatais e da necessidade de operações envolvendo Eletrobras e Casa da Moeda, por exemplo, precisarem de aval dos parlamentares.

O secretário ressaltou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, deu aval para privatizar “tudo o que é possível” e que a intenção do ministério é começar vendendo ativos mais fáceis, “que não dão problemas e a sociedade vai absorver”. “É importante não contrariar grupos de interesse”, pontuou, ressaltando que o processo deve ser feito de forma cuidadosa.

Ao ser questionado sobre a oposição do PT às privatizações, Mattar disse que gasta “80% de seu tempo” no governo para desconstruir o que o partido fez durante a permanência no Planalto.

‘Legado pernicioso’

De acordo com o secretário, devido aos contingenciamentos do governo atual pelo enfraquecimento da economia, em outubro sua secretaria pode ficar sem dinheiro até para passagens aéreas: “Esse é o legado que recebemos, que é pernicioso”.

Pelo lado positivo, ele salientou que os juros estão historicamente baixos e o volume de empréstimos privados superou o de bancos públicos e o risco país, medido pelo Credit Default Swap (CDS), caiu para mínimas históricas. “Juros e CDS baixos e mais empréstimos privados mostram confiança no Brasil”, declarou.

Mattar afirmou que o governo aguarda a aprovação da Previdência para apresentar o texto da reforma tributária e “um punhado” de outras reformas, que “vão colocar o Brasil nos caminhos da prosperidade”.

* Com informações do Estadão Conteúdo

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