Senador tucano diz como quer fazer Dilma “sangrar” e descarta impeachment: “não está no programa”

  • Por Jovem Pan
  • 10/03/2015 10h27
Agência Brasil Aloysio Nunes Ferreira

O senador do PSDB Aloysio Nunes estampou manchetes de diversos jornais no último dia após dizer em entrevista ao Valor Econômico: “Não quero que ela saia, quero sangrar a Dilma”. Ele explicou o que quis dizer. “Sangrar significa perder substância vital, como eu tenho feito”, afirmou.

O legislador tucano garante que faz a presidente “sangrar” por meio de “uma oposição constante, sistemática, sem trégua a todas as medidas do governo”, além de “apoiar todas as denúncias e participar de movimentos de protesto popular”. Ele defende uma oposição “sem entendimento e sem conchavo” com a presidente.

Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, Nunes reafirmou que não há “um conjunto de circunstâncias políticas e jurídicas” que possibilitem o impeachment da presidente da República.

O senador tucano garantiu ainda que o projeto de impeachment não faz parte do PSDB. “Impeachment não está no nosso programa, está na Constituição”. E não haveria possibilidades legais de pedir a retirada da presidente no momento.

Nunes lembra que, apesar de Dilma ter perdido apoio no Congresso nos últimos dias, ela ainda tem sustentação no Legislativo (sem o apoio do qual não se faz impeachment) e que as apurações dos desvios na Petrobras não mostram o envolvimento da presidente. “Ainda não temos condições de recorrer a esse remédio, que é traumático, mas que é constitucional”, destacou.

Quando o impeachment não acontece

Pesquisa do mês passado (07 de fevereiro) do Instituto Datafolha mostrou uma inversão total de popularidade do governo Dilma em relação a dezembro de 2014. A avaliação ótimo/bom da presidente passou de 42% para 23% dos entrevistados, enquanto a nota de ruim/péssimo foi de 24% para 44%. Nunes, no entanto, destacou: “O impeachment não ocorre quando o presidente cai na popularidade, senão todo presidente impopular seria tirado do poder”.

O senador disse, de igual modo, que é indevida a comparação das condições conjunturais entre a posição atual de Dilma e a de Lula no epicentro das denúncias do mensalão. Ele lembra que Lula tinha o apoio do Congresso, do PT e do PMDB, “a economia estava bombando” e Lula tinha muita popularidade. Não havia condições objetivas para que isso acontecesse”, disse. “Hoje essas condições ainda não existem, embora a situação da presidente Dilma seja infinitamente mais precária que a de Lula naquela época”, avaliou.

Protestos

O senador defendeu o panelaço como uma manifestação contra o governo e disse que comparecerá às manifestações marcadas pelas redes sociais para o próximo domingo. Embora a pauta dos protestos seja o impeachment da presidente, Nunes diz que vai participar por outro motivo. “Eu vejo no dia 15 uma ampla manifestação contra o governo e por isso eu vou participar”, afirmou.

Ele entende que nem todos que estarão na marcha são a favor do impeachment da presidente. “O movimento do dia 15 será um movimento muito amplo”, e citou: “O movimento Vem Pra Rua é contra o governo por várias razões, mas eles não propõem o impeachment imediatamente”.

E se…

Se, apesar de tudo, o impeachment de Dilma acontecer, Nunes considera que “é preciso que se tenha condições de formar uma rede de proteção, como houve na época do Collor. Quando o Collor saiu, você já tinha uma alternativa de poder que hoje ainda não existe”.

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