Senadora Ana Amélia defende manter afastamento de Aécio
Diferente do espírito de corpo que tomou conta do Senado, que votará a possibilidade de descumprir polêmica decisão da 1ª Turma do STF que afastou Aécio Neves (PSDB-MG) do cargo, a senadora Ana Amélia (PP-RS) defende manter o tucano fora da Casa legislativa.
“Meu voto é favorável ao afastamento”, disse em entrevista exclusiva à Jovem Pan neste domingo (1º). Amélia acredita que descumprir uma decisão da Corte mais alta do país pode agravar a tensão entre os poderes. “Não podemos ajudar a construir uma crise institucional com o Supremo Tribunal Federal”, afirmou.
A senadora critica, no entanto, a “insegurança jurídica e política” de o Supremo não definir se o tribunal pode ou não afastar um parlamentar, o que deve ser definido em julgamento marcado apenas para o próximo dia 11.
Ela diz que “confia na capacidade das instituições de superação da crise” e espera que se chegue a “um termo em que seja respeitada a lei e a independência de cada um dos poderes”.
O afastamento de Aécio junto à determinação de que o mineiro se recolha em casa durante a noite tem sido criticado por senadores e juristas que veem no ato um descumprimento do artigo 53 da Constituição, que define que “os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável” e a decisão deve passar pela aprovação da Casa legislativa, como foi o caso do ex-líder do PT Delcídio do Amaral.
“Régua moral”
“Tenho que continuar agindo politicamente e com absoluta coerência com uma régua moral”, diz Ana Amélia para justificar o voto antecipado contra Aécio.
Amélia apoiou Aécio Neves nas eleição presidencial de 2014, mas diz ter ficado decepcionada com o tucano após as gravações reveladas pela delação da JBS em que ele pede R$ 2 milhões ao dono do frigorífico Joesley Batista para pagar sua defesa na Lava Jato. O primo de Aécio, “Fred”, foi gravado depois recebendo mala com dinheiro em espécie.
“Ele foi nosso aliado no Rio Grande do Sul e isso não me dá direito de não enxergar os erros e delitos cometidos (…). Sempre o respeitei, mas fiquei absolutamente decepcionada com o que aconteceu”, disse Amélia. “Fiquei triste, como os 51 milhões que votaram nele em 2014”.
Para a senadora, o caso de Aécio é indefensável. “Não há o que discutir sobre os delitos cometidos. Você não pode negar o inegável”, disse. “Não podemos usar dois pesos e duas medidas”.
Ouça a entrevista completa:
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