Senadores manifestam solidariedade a parlamentares hostilizados na Venezuela

  • Por Agência Senado
  • 18/06/2015 22h23

A reunião contece no Salão Negro do Senado

Edilson Rodrigues/Agência Senado Senado Salão Negro

Logo depois de o presidente do Senado, Renan Calheiros, ler uma nota condenando as hostilidades enfrentadas por uma comitiva de senadores na Venezuela, vários parlamentares manifestaram solidariedade aos colegas. Parte deles cobrou uma posição mais equilibrada dos senadores brasileiros.

De Caracas, um dos oito senadores que integraram a comitiva, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), relatou à Rádio Senado qual foi o clima encontrado pelos parlamentares assim que chegaram na Venezuela.

– Nós não conseguimos sair do aeroporto. Tinha um conjunto de 100, 150 manifestantes contratados, que cercaram nosso ônibus, jogando pedras e algumas coisas mais no nosso ônibus. É um ambiente muito tenso. A nossa missão é uma missão de paz, é uma missão pacífica, é uma missão para que nós possamos conversar com as organizações que trabalham com direitos humanos, com a liberdade de expressão, da liberdade de imprensa – disse Ferraço.

A comitiva pretendia visitar opositores ao governo venezuelano que se encontram presos na capital daquele país. Após horas aguardando uma solução diplomática, que lhes permitiria levar a missão até o fim, o grupo decidiu retornar a Brasília.

Constrangimento

No Plenário do Senado, parlamentares de diversos partidos repudiaram o tratamento dado aos senadores brasileiros.

Ana Amélia (PP-RS) ressaltou que o incidente, além de ter colocado em risco a integridade física dos parlamentares, é extremamente grave sob o aspecto institucional.

— O que está acontecendo em Caracas neste momento revela absoluto desrespeito a regras mínimas de convivência. Acredito que mesmo os defensores do regime venezuelano atual nesta Casa se sentem constrangidos — disse Ana Amélia, cobrando uma conversa da presidente Dilma Rousseff com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

Roberto Requião (PMDB-PR) afirmou que, como presidente da Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana (EuroLat), já tratou da questão com o governo venezuelano. Ele comparou a intolerância verificada no episódio desta quinta-feira (18) a fatos recentes ocorridos no Brasil.

— Eles estão vivendo na Venezuela o que a nossa presidente da República já viveu aqui no Brasil, com “indignados”, com “cansamos”, inclusive em exposições, tendo o seu trânsito interrompido. É simplesmente terrível o que aconteceu lá, como tem sido terrível o que tem acontecido aqui, com uma incompreensível alegria de setores da oposição — disse.

Conciliação

O líder do governo, Delcídio do Amaral (PT-MS), relatou ter transmitido sua preocupação ao Palácio do Planalto e aos ministros da Defesa, Jaques Wagner, e da Justiça, José Eduardo Cardozo. Ele garantiu que o governo tomará as devidas providências depois que se verificar exatamente o que houve em Caracas.

Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) ressaltou que, embora tenha posicionamento político distinto da comitiva que foi à Venezuela, considera inaceitável a intolerância verificada em Caracas.

— Não podemos aceitar qualquer tipo de intolerância, principalmente contra representantes do Parlamento brasileiro, que se deslocaram em uma missão pacífica — resumiu o senador.

Também lamentando o ocorrido, Lindbergh disse que o governo brasileiro tem participado com equilíbrio do processo de negociação na Venezuela, conversando com o governo de Maduro e também com setores da oposição:

— O que queremos é a garantia do processo legal, a existência de eleições parlamentares este ano e no próximo ano tem o instrumento da própria Venezuela, que é o referendo revogatório [que permite a destituição do presidente].

Ao mesmo tempo em que manifestou solidariedade aos colegas, Lindbergh pediu aos parlamentares brasileiros que se disponham a conversar com os dois lados, de modo a facilitar uma saída conciliatória.

— É papel dos parlamentares também, ao exercerem a diplomacia parlamentar, ter uma postura mais equilibrada, de discussão com os dois lados, de buscar caminhos pacíficos para vencer essa crise.

“Ouvir os dois lados” é o propósito de uma nova comitiva criada pelo Senado. Integrada pelos senadores Randolfe, Lindbergh, Requião, Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Lídice da Mata (PSB-BA), ela vai verificar in loco a situação política, social e econômica da Venezuela.

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