Sergio Moro: demora para políticos enfrentarem “causas da corrupção” é “frustrante”

  • Por Jovem Pan
  • 23/10/2017 08h35 - Atualizado em 23/10/2017 08h36
Wilson Dias/Agência Brasil Wilson Dias/Agência Brasil "O loteamento político de cargos públicos, que está na origem dos crimes na Petrobrás, permanece forte como sempre", lamenta Moro

O juiz federal Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância (13.ª Vara Federal de Curitiba), afirmou em entrevista ao blog do Fausto Macedo, d’O Estado de S. Paulo, que a “vergonha” está com quem se beneficia da da corrupção e se opõe ao movimento de combate à prática.

Embora destaque certas decepções com o quadro político após mais de três anos de Lava Jato, Moro disse que os “amigos (da Operação) são inúmeros”, “ainda que sob a sombra do retrocesso”.

“Frustrações”

Questionado sobre qual seria a “frustração” da Operação, Moro citou a falta de enfrentamento das “causas da corrupção” pelas lideranças políticas e o “loteamento político de cargos públicos”, uma das origens do escândalo do petrolão, que “permanece forte”.

“Se houver uma contínua pressão da opinião pública, imagina-se que até mesmo nossas lideranças políticas emperradas terão que adotar uma postura reformista quanto a esses temas. Mas é frustrante ver como isso é demorado”, declarou Sergio Moro.

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Referindo-se à importância da publicidade e transparência dos processos referentes à Lava Jato e da liberdade de imprensa, Moro afirmou que “sem o apoio da imprensa e da opinião pública, é muito difícil a condução de processos contra criminosos poderosos”.

“Estes têm poder político e econômico que pode ser utilizado indevidamente para gerar impunidade, independentemente da culpa. Então, é necessário contrabalançar esse poderio, não só com a ação firme da Justiça, mas com o apoio da opinião pública”, defendeu o juiz da Lava Jato.

O magistrado disse ainda que a Operação Mãos Limpas, na Itália, “foi uma grande inspiração para a Lava Jato”. Ambas, para Moro, revelaram “um sistema organizado de corrupção” e “a captura do Estado para o favorecimento de certos grupos empresariais privados, em detrimento da competição, tendo por contrapartida o pagamento habitual de vantagem financeira a agentes públicos e a agentes políticos para enriquecimento pessoal e financiamento ilícito eleitoral”.

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