Setentão, Masp é muito mais que um cartão postal; é arte para crítico nenhum botar defeito
Setenta anos de Masp. Qual a primeira coisa que te vem à cabeça quando pensa no museu? Aquele ponto de encontro na Avenida Paulista, em São Paulo? A foto no cartão postal que você presenteou seu primo? Ou aquele museu que um dia, quando der tempo, você visitará?
Pois saiba que o museu setentão é muito mais do que tudo isso. Com cerca de oito mil obras em seu acervo, o Masp conta com exemplares de artistas como Diego Velázquez, Van Gogh, Auguste Renoir e Claude Monet.
Em entrevista à Jovem Pan, a diretora do Masp, Juliana Sá, exalta a história do museu e ressalta que não é preciso muito para qualquer um ver essas obras de perto. “É o museu mais importante do Hemisfério Sul. O conteúdo não existe em nenhum país que não seja na Europa ou nos Estados Unidos”, explica.
Em outubro, mês de seu aniversário, o Masp terá uma programação especial, com direito a apresentações da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e mostra de cinema.
Nesta segunda (2), data de aniversário da inauguração, o prédio que normalmente fica fechado para visitação às segundas-feiras, abrirá suas portas ao público até às 22h e, inclusive, as persianas do segundo andar, onde ficam os cavaletes de cristal. “Oportunidade única”, avisa Juliana Sá.
Vale aproveitar o conselho da diretora da instituição e tirar o Masp da sua lista de “um dia eu visito”. É um museu que tem que ser visitado. “As pessoas têm o sonho de viajar para fora do Brasil para ver coisas que estão aqui na Avenida Paulista todos os dias”, afirma.
Conheça a história
Fundado no dia 2 de outubro de 1947, o museu nem sempre esteve no número 1.578 da Avenida Paulista, em São Paulo. Seu primeiro endereço era na Rua 7 de abril, 230, no centro de SP e foi idealizado pelo célebre empresário e jornalista Assis Chateaubriand, o Chatô – que também é responsável pela chegada da televisão no Brasil – e o italiano Pietro Maria Bardi, crítico de arte, historiador e jornalista.
Era o local do famoso Diários Associados, como era conhecido o império de comunicação de Chateaubriand. No espaço, além do museu, funcionavam 34 jornais, 36 emissoras de rádio, 18 de televisão e a famosa revista O Cruzeiro.
Pietro selecionou pessoalmente as primeiras obras, numa Europa pós-guerra. Hoje é sabido que a dupla usava do prestígio político-empresarial de Chatô para obtenção de recursos para as obras.
Confira abaixo a conversa exclusiva com a diretora Juliana Sá e imagens exclusivas do museu:
Cartão postal
O Masp possui nada menos que 11 mil metros quadrados divididos em cinco pavimentos, mais o vão livre de 74 metros. Projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi, que era casada com Pietro, o prédio da Avenida Paulista teve 12 anos entre projeto e execução.
Uma condição do dono do terreno para a construção do museu foi primordial para que o Masp tivesse a aparência de hoje, com suas quatro grandes colunas e o famoso “vão livre”. Ele queria que a arquiteta preservasse as vistas tanto para o centro da cidade como para a Serra da Cantareira.
Em 1968 foi feita a inauguração do museu, em um projeto ousado para a época, e que contou ainda com presenças como a da rainha Elizabeth II, da Inglaterra, além de autoridades brasileiras da época e participação popular.
Mas as famosas colunas vermelhas que conhecemos atualmente foram pintadas somente em 1990, quando o MASP completou 40 anos. Para isso, foi feita uma parceria com uma empresa de tintas.
Quem foi Lina Bo Bardi
Achillina Bo Bardi (1914-1992) foi arquiteta, designer, cenógrafa, editora e ilustradora. Ela formou-se na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Roma, em 1940. Em 1946 casou-se com Pietro Maria Bardi, com quem viajou para o Brasil.
No ano seguinte, Pietro é convidado por Chatô para fundar e dirigir o MASP. Quem projeta as instalações é Lina Bo Bardi. Entre suas principais obras no Brasil, além do MASP, estão o Sesc Pompeia e o restaurado Solar do Unhão, em Salvador.
Além deles, constam na lista daquela que é considerada um dos principais nomes da arquitetura mundial da segunda metade do século XX projetos arquitetônicos como a Casa de Vidro (local onde ela e o marido viveram por cerca de 40 anos); a Igreja do Espírito Santo (Uberlândia – MG), e o Teatro Oficina (SP).
Além da história consagrada, o museu mais famoso de São Paulo também tem suas curiosidades, e elencamos algumas delas:
– Principal museu da América Latina.
– Considerado o mais importante museu de arte ocidental do Hemisfério Sul.
– Primeiro museu de arte moderna do Brasil.
– Tem seu acervo tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), desde 1969.
– Possui atualmente cerca de oito mil obras em seu acervo, dentre pinturas, esculturas, gravuras, fotografias, desenhos, arqueologia, maiólicas, tapeçaria e artes decorativas.
– Integra o “Clube dos 19”, dos quais participam apenas os museus que possuem os acervos de arte europeia mais representativo do século 19. Está ao lado de museus como: Museu d´Orsay de Paris, Metropolitan Museum de Nova York, The Art Institute of Chicago, Museum of Fine Arts de Boston, Van Gogh Museum de Amsterdã, a Kunstaus de Zurique, Hermitage de St. Petersburg, a Galleria Nazionale d´Arte Moderna de Roma e National Gallery e Tate Gallery de Londres.
– Contou com a presença da rainha Elizabeth II em sua abertura na Avenida Paulista.
– Possui vista para a Serra da Cantareira e para a 9 de Julho por pedido do doador do terreno.
– ESPM e Escola de Artes da FAAP foram criadas na primeira sede do museu, na Rua 7 de Abril.
– As famosas colunas vermelhas foram pintadas para conter problemas de infiltração.
– Primeiro desfile de moda da história feito em um museu foi no MASP.
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