‘Situação inédita no mundo’, diz almirante sobre manchas de óleo

O almirante Leonardo Puntel disse, em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (4), que ainda é ‘muito difícil de prever’ a quantidade de óleo que ainda pode atingir as praias do litoral do Nordeste

  • Por Jovem Pan
  • 04/11/2019 15h35 - Atualizado em 04/11/2019 18h39
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Leo Noordzij/MarineTraffic.com Navio grego Bouboulina, da Delta Tankers

Em coletiva de imprensa concedida na tarde desta segunda-feira (4), o almirante Leonardo Puntel, comandante das operações navais que acompanham as manchas de óleo que atingem o Nordeste do país deste o final de agosto, afirmou que trata-se de uma “situação inédita no mundo”.

“Trata-se de uma situação inédita no mundo. Os grandes casos conhecidos de vazamento de óleo sempre se sabia exatamente a origem, como por exemplo, no Golfo do México. Mas esse caso não tem paralelo no mundo, estamos agora com uma suspeitos, mas é, de fato, uma caso totalmente inédito”.

O almirante ainda detalhou todas as medidas adotadas pelos órgãos responsável, incluindo Ibama, ICMBio e Marinha. Segundo ele, a coordenação da operação segue sendo feita em Brasília e o litoral nordestino também adotou pontos estratégicos de monitoramento nas Capitanias dos Portos dessas localidades.

“A parceria de todos tem sido muito importante, estamos aperfeiçoando os processos, temos em Brasília a coordenação operacional. Temos a coordenação regional em Belém, Recife e Salvador. Estamos acompanhando essa situação inédita, nunca aconteceu algo assim no Brasil, um desastre dessa monta, é difícil, temos 6 barcos, botes e mergulhadores atuando no litoral”, disse.

O comandante também destacou que a mesma apresentação feita na coletiva de imprensa também foi apresentada ao presidente da República, Jair Bolsonaro, na manhã desta segunda (4). O volume de óleo que ainda pode atingir as praias brasileiras é “muito difícil de prever”, de acordo com as autoridades.

“De início, limpamos as praias atingidas e continuamos acompanhando. Tivemos um arrefecimento das manchas e depois elas voltaram a aparecer novamente, em grandes quantidades, agora, no dia 2 de novembro, pequenas manchas e pelotas de óleo atingiram Abrolhos, mas hoje, segunda-feira, dia 4, não há mais manchas na localidade e seguimos monitorando. Pelo ineditismo e por essas manchas não ficarem na superfície, é muito difícil de prever se ainda chegará muita coisa ou pouca coisa”, disse Puntel.

De acordo com o almirante, as primeiras manchas de óleo apareceram no dia 2 de agosto e, a partir do dia 2 de setembro, o Ibama, a ANP e a Marinha, juntamente com secretarias Estaduais e municipais, passaram a monitorar e trabalhar nos pontos que já haviam sido atingidos. Puntel também garantiu que o litoral de Pernambuco permanece limpo há mais de seis dias e mais de 10 mil pessoas estiveram envolvidas na limpeza das praias.

Polícia Federal

O delegado da Polícia Federal, Franco Perazzonni, que também participou da coletiva de imprensa, afirmou que há um inquérito aberto no Rio Grande do Norte, que reúne todo o andamento das investigações, aberto no dia 18 de setembro, e afirmou que o PF trabalha em três frentes: a investigação pericial, a tradicional e a de geointeligência com o uso de satélites que podem identificar as manchas de óleo no mar.

“Já realizamos diversos testes que mostraram a origem (venezuelana) do óleo. Temos realizados diversos exames, incluindo necrópsias em animais mortos e alguns apontaram a morte por asfixia por conta do óleo.”

De acordo com o delegado, a PF recebeu um relatório de uma empresa especializada que apontou para a possível origem do vazamento. “Após recebermos esse relatório, enviamos para a Marinha, fizemos um rastreamento e a inteligência deles, que fez um excelente trabalho, identificou e constatou a embarcação de bandeira grega. Nós não temos a imagem da embarcação vazando porque os satélites costumam ter atraso de alguns dias. A embarcação grega é suspeita e continua sendo investigada“.

Segundo Perazzonni, os próximos passos da investigação incluem cooperação com as policias e órgãos internacionais. “Pedimos para a Grécia uma série de informações sobre o navio Bouboulina, pedimos dados para autoridades venezuelanas, para a África do Sul e Nigéria, caminhos percorridos pela embarcação”. disse. Segundo ele, a fase sigilosa da investigação terminou e, neste momento a PF, aguarda dos dados solicitados.

“Os dados são extremamente importantes para a quantificação do dano e numa eventual punição dos responsáveis”. A Marinha, de acordo com o Almirante, já está em contato com a autoridade marítima grega e mantém outros dois inquéritos, além do aberto pela PF.

Sobre a afirmação do presidente Bolsonaro, na manhã desta segunda (4), de que algo “pior está por vir”, as autoridades presentes na coletiva afirmaram apenas que seguem monitorando as manchas e continuam com a investigação “Um incidente inédito leva a várias ideias e muitas possibilidades, não descartamos nenhuma possibilidade, todas precisam ser aventadas e precisamos tomar medidas pra mitigação. Não sabemos se existe muita ou pouca coisa. Precisamos monitorar e acompanhar essas manchas”, disse o almirante.

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