Sob pressão e hostilizado, Lula diz que não desiste
Réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato – força-tarefa que investiga cartel e corrupção na Petrobrás -, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva votou na manhã de domingo (2), em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e afirmou que, “quanto mais ódio se estimula” contra ele, “mais amor se cria a favor”. Lula disse que é atacado por quem tenta destruir o seu partido, o PT. “Só há um jeito de eles tentarem me parar: evitar que eu ande pelo Brasil.”
O ex-presidente é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF), em Curitiba, de ter recebido vantagens indevidas na negociação para a compra de um triplex no Guarujá e também é réu em Brasília sob a acusação de tentar obstruir a Justiça. Lula foi hostilizado por um grupo de seis pessoas e foi xingado de “ladrão” e “vagabundo”. Cerca de 50 apoiadores responderam com “olê, olê, olê, olá, Lula, Lula”. Em sua cidade, o candidato do PT, Tarcisio Secoli, ficou em terceiro lugar.
Lula fez poucos comentários sobre a Lava Jato. “Um procurador diz que não tem provas, mas convicções. Mas eu também tenho convicções”, disse. “Outro dia eu disse que essa operação era Operação Boca de Urna”, afirmou. “Mas está tudo bem. Faz parte do jogo.”
“A imprensa está em guerra com o PT há sete anos”, disse Lula. O ex-presidente afirmou que “as pessoas se enganam quando (pensam) que uma TV, um jornal pode tudo. Não pode. É o povo que pode tudo.”
Lula ainda disse que as eleições “consolidam a democracia no Brasil” e dão oportunidade à população para escolher seus governantes. “As pessoas não têm de votar com ódio, mas com esperança, porque a eleição é para o seu filho.”
Para o ex-presidente, a população tem senso crítico aguçado e sabe que há o embate político entre os partidos, mas também conhece quem são os líderes que atuam em benefício da população. Lula também fez críticas ao governo Michel Temer, sem citar o nome do ex-aliado. “A gente que está lá não sabe governar, mas só vender patrimônio público”, disse. “Se é para vender assim, era melhor contratar vendedores.”
O governo Temer, segundo Lula, não tem “representatividade internacional” e suas ações não estão estimulando a economia. “O pobre precisa ter crédito”, apontou, para poder adquirir bens de consumo. E, segundo ele, quando a população que ganha menos volta a comprar, a indústria e o nível de atividade retomam a expansão.
Antes da abertura das urnas, Lula disse que o PT teria um bom desempenho nas eleições municipais deste ano e venceria em São Bernardo do Campo e Diadema, cidades onde perdeu. Na saída do colégio, ele estava confiante em Fernando Haddad, na capital: “Você quer saber? O Haddad vai para o segundo turno”. João Doria (PSDB) foi eleito em primeiro turno.
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