Sobral critica Janot e justifica carências na PF: “é ruim para o Executivo investir na gente”
Em participação exclusiva no Fórum Mitos & Fatos desta terça-feira, o presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Carlos Eduardo Sobral, criticou a ação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de limitar ao Ministério Público (MP) a competência para propor acordos de delação premiada no País.
“Nós entendemos que as instituição de combate, fiscalização, controle e investigação devem atuar de forma harmônica, coordenada e cooperada. Temos de funcionar como um sistema. Não faz sentido algum, seja no campo jurídico, seja no campo prático, tirar a Polícia Federal do poder de obtenção provas através da colaboração premiada. A gente vê de uma forma muito infeliz a iniciativa do procurador-geral da República em propor uma ADin para tirar a Polícia Federal das investigações por meio da colaboração premiada”, afirmou.
Sobral também aproveitou para reclamar do governo ao justificar a “carência de recursos humanos e financeiros” da Polícia Federal no âmbito da Operação Lava Jato. Segundo ele, a PF sofre de falta de autonomia porque não é interessante para o governo investir em órgãos que vão investigá-lo.
“Temos uma dificuldade muito grande de recursos. Temos carência de recursos humanos e materiais, muito por causa da nossa falta de autonomia… Sabemos que a corrupção no Brasil é sistêmica, e ela é o sustentáculo de um poder político, então, é ruim para o Executivo investir na Polícia Federal, porque dele é cobrado sustentação política. Um parlamento acuado e com muitas acusações de corrupção cobra posições políticas de não investir nos órgãos de investigação”, argumentou.
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