STF dá 15 para Bolsonaro esclarecer fala sobre Dilma Rousseff

Esta é a segunda vez em menos de uma semana que o Supremo determina um prazo para o presidente se manifestar sobre declarações controversas envolvendo o regime militar

  • Por Jovem Pan
  • 05/08/2019 14h33 - Atualizado em 05/08/2019 14h34
Marcos Corrêa/PR O presidente da República, Jair Bolsonaro

A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber deu 15 dias para o presidente Jair Bolsonaro esclarecer a fala em que sugeriu que a ex-presidente Dilma Rousseff teria participado de ações armadas durante a ditadura militar que resultaram na morte do capitão do Exército norte-americano Charles Chandler. Bolsonaro não é obrigado a se manifestar ao Supremo sobre o caso; pode se pronunciar apenas se desejar.

Esta é a segunda vez em menos de uma semana que o STF determina um prazo para o presidente se manifestar sobre declarações controversas. No último dia 1º, o ministro Luís Roberto Barroso já havia concedido 15 dias para ele, se quiser, apresentar esclarecimentos sobre a morte do desaparecido político Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe de Santa Cruz.

Agora, a decisão de Rosa Weber atende a um pedido da própria Dilma, que acionou o Supremo sob a alegação de que o presidente pode ter cometido o crime de calúnia.

Relembre a declaração

A fala de Bolsonaro aconteceu em maio, ao receber o prêmio de “personalidade do ano” oferecido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos em Dallas (EUA). “No Brasil, a política até há pouco era de antagonismo a países como Estados Unidos. Os senhores eram tratados como se fossem inimigos nossos. Agora, quem até há pouco ocupava o governo teve em sua história suas mãos manchadas de sangue na luta armada, matando inclusive um capitão, como eu sou capitão, naqueles anos tristes que tivemos no passado. Eu até rendo homenagem aqui ao capitão Charles Chandler”, disse na ocasião.

O capitão americano Charles Chandler foi morto em 12 de outubro de 1968, no Sumaré, na zona oeste de São Paulo, em uma atentado feito por três militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e da Ação Libertadora Nacional (ALN). Dilma nunca pertenceu a nenhum deles; ela foi presa por integrar outro grupo guerrilheiro, o VAR-Palmares.

Na época, a petista divulgou nota em que afirma que, ao contrário, foram “heróis e homenageados pelo senhor Bolsonaro que, durante a ditadura e depois dela, tiveram suas mãos manchadas do nosso sangue – militantes brasileiros e brasileiras – pelas torturas e assassinatos cometidos contra nós”.

*Com Estadão Conteúdo

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