Subsidiárias da Odebrecht no exterior estão ligadas a US$ 17,6 mi em propinas, segundo documentos da Suíça

  • Por Jovem Pan
  • 24/07/2015 16h50
A general view of the headquarters of Odebrecht, a large private Brazilian construction firm, in Sao Paulo in this November 14, 2014 file photo. Brazilian police on June 19, 2015, arrested Marcelo Odebrecht, the head of Latin America's largest engineering and construction company Odebrecht SA, local media said, pulling the most high-profile executive into the corruption investigation at state-run oil firm Petrobras. Federal officers had orders to arrest a total of 12 people in four states and bring them to the southern city of Curitiba where the investigation is based, according to a federal police statement that did not give the names of the detained. REUTERS/Paulo Whitaker/Files Reuters Odebrecht

Uma investigação realizada pelo Ministério Público da Suíça apontou que subsidiárias da Odebrecht no exterior estão na origem de pagamentos que somaram US$ 17,6 milhões, o equivalente a cerca de R$ 59 milhões, a ex-dirigentes da Petrobras em contas secretas na Europa.

Segundo informações repassadas da Suíça aos procuradores da Lava Jato, por cooperação internacional, o dinheiro percorreu camadas de empresas baseadas em paraísos fiscais. Cinco destas são controladas pela Odebrecht, inclusive as contas dos ex-diretores da Petrobras, Paulo Roberto Costa, Renato Duque, Jorge Zelada e do ex-gerente Pedro Barusco, na Suíça e em Mônaco.

As informações bancárias levantadas pelas autoridades suíças levaram à decretação de uma nova prisão preventiva de Marcelo Odebrecht e de outros executivos da companhia nesta sexta (24). Tais informações são a principal evidência material que sustentam a denúncia do MPF contra eles.

Métodos de repasse de dinheiro

Segundo o Ministério Público da Suíça, dos US$ 17,6 milhões que são supostamente propina, havia dois métodos de repasse:

– empresas controladas por subsidiárias da Odebrecht faziam transferências diretamente para as contas dos dirigentes da Petrobras na Europa.
– as offshores da empreiteira repassavam recursos a outras empresas baseadas em paraísos fiscais. Logo após, abasteciam as contas dos executivos da Petrobras.

Sobre o segundo método de pagamento

Segundo a Procuradoria afirmou, este segundo método citado envolvia uma triangulação para dificultar o rastreamento do dinheiro.

Entre os anos de 2006 e 2011, cinco empresas offshores, que os suíços apontam a Odebrecht como controladora, repassaram US$ 211,5 milhões para três empresas: Constructora Internacional del Sur, Klienfeld Services e Innovation Research Engineering.

A Del Sur depositou em 2009 US$ 3 milhões para as contas de Costa, Dique e Barusco. A Klienfeld e a Innovation Research Engineering foram apontadas por repassar US$ 6,8 milhões para Costa e Barusco entre os anos de 2009 e 2011.

Investigação própria

A Procuradoria-Geral da Suíça decidiu instaurar uma investigação própria sobre a empreiteira no país e pediu que as autoridades brasileiras acompanhem as oitivas de investigados e réus ligados ao esquema de corrupção na Petrobras.

O lado da Odebrecht

A Odebrecht nega que tenha participado do cartel que desviava dinheiro da Petrobras.

A nota mais recente da empresa, sobre as investigações na Suíça, diz que a Odebrecht “compreende a abertura do processo na Suíça para obtenção de maiores esclarecimentos, tendo em vista a grande repercussão do tema no Brasil, decorrente do vazamento de informações com interpretações distorcidas e descontextualizadas”.

A companhia, uma das mais ricas do Brasil, ainda afirma que “tem todo o interesse em esclarecer o assunto, e reitera sua intenção de cooperar com as autoridades brasileiras e estrangeiras”.

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