Talude da barragem do Gongo Soco pode se romper até dia 25, diz Agência Nacional de Mineração

  • Por Jovem Pan
  • 20/05/2019 17h33 - Atualizado em 20/05/2019 18h05
Divulgação/Google Maps Segundo o secretário estadual de Meio Ambiente de Minas, Germano Vieira, a barragem tem chance entre 10% e 15% de romper

O rompimento do complexo da Mina de Gongo Soco, da Vale, em Barão de Cocais (MG), deve acontecer até o próximo sábado (25), segundo informou a Agência Nacional de Mineração (ANM) nesta segunda-feira (20). Dados indicam que, desde domingo (19), a velocidade do deslocamento já chegou a sete centímetros por dia.

Segundo a agência, que interditou o complexo na sexta-feira (17), o talude estava se deslocando 10 centímetros por ano desde 2012, um deslocamento aceitável dada a dimensão da estrutura. “Mas, desde o fim de abril, a velocidade aumentou para cinco cm por dia e, se esta aceleração continuar, o rompimento do talude pode acontecer entre os dias 19 e 25 de maio”, alertou em nota.

Desde 2016, a cava e todas as obras já estavam paralisadas. De acordo com a ANM, o risco de rompimento é do talude da cava e não da barragem, que fica a 1,5 quilômetro (km) de distância da cava. A agência disse que a preocupação é que a vibração gerada pelo rompimento do talude influencie na segurança da barragem Sul Superior.

O Ministério Público de Minas Gerais expediu uma ordem à mineradora na quinta-feira para que adote imediatamente medidas para “deixar claro à população local os riscos a que ela está sujeita”. O órgão pede que a empresa comunique, por meio de carros de som, jornais e rádios, informações “claras, completas e verídicas” sobre a atual condição estrutural da Barragem Sul Superior.

A barragem Sul Superior é uma das mais de 30 estruturas da Vale que foram interditadas após a tragédia de Brumadinho (MG), ocorrida em 25 de janeiro. Em diversos casos, a interdição foi acompanhada da evacuação das zonas de autossalvamento, isto é, aquelas áreas que seriam alagadas em menos de 30 minutos ou que estão situadas a uma distância de menos de 10 quilômetros. Atualmente, mais de mil pessoas estão fora de suas casas em todo o estado.

Rompimento da barragem

O secretário estadual de Meio Ambiente de Minas, Germano Vieira, disse que a barragem tem chance entre 10% e 15% de romper, de acordo com uma inspeção feita por auditoria independente. O desabamento do talude, conforme Vieira, é inevitável, mas pode ser que a barragem resista.

“O prognóstico se mantém. Todas as avaliações técnicas da empresa foram confirmadas por auditoria independente. Então, o cenário de ruptura do talude vai acontecer. Não se consegue prognosticar se a data é do 21 a 26, pode ser um dia a mais um dia a menos”, afirmou.

Moradores

Em 8 de fevereiro, cerca de 500 pessoas já haviam sido retiradas da chamada Zona de Auto Salvamento (ZAS) da barragem, depois do acionamento de sirene que alertou para nível 2 de risco. A ZAS fica perto da barragem e seria a primeira atingida. Esses moradores não teriam tempo de serem retirados.

Se a barragem Sul Superior se romper, cerca de 9 mil pessoas de 3 mil residências terão uma hora e doze minutos para serem retiradas de suas casas antes de serem atingidas pelos rejeitos, segundo cálculos feitos pela Defesa Civil.

Vale

A Vale informou nesta segunda-feira, que paralisou neste domingo, o transporte de carga no ramal de Belo Horizonte, entre Sabará e Barão de Cocais, que é atendido pela Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM). A empresa está avaliando alternativas para minimizar os impactos decorrentes dessa paralisação. A medida, destaca, é preventiva.

* Com informações da Agência Brasil

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