“Fake news”, refugiados e seca: veja temas que podem cair na redação do Enem 2017
O tema da redação é o grande mistério do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem. Afinal, o texto vale mil pontos, vale muito nos critérios de seleção para universidades e poucos alunos conseguem a nota máxima, já que, além de técnicas de escrita, são necessários conhecimentos culturais, históricos e políticos para o desenvolvimento da dissertação.
A Rádio Senado fez um levantamento com base no que tem sido discutido na internet ou nos colégios e cursinhos, por professores e candidatos. E recuperou discursos e audiências públicas sobre esses temas, para que os estudantes tenham mais informações para o exame.
Todos os temas das redações do Enem desde 2009, selecionados pela Jovem Pan:
Confira abaixo os principais temas selecionados:
Redes sociais e fake news
O papel das redes sociais na sociedade moderna frequenta as listas de favoritos para tema de 2017 e isso talvez não seja uma das chamadas “fake news” (notícias falsas). O termo também é popularizado pelo presidente dos EUA Donald Trump, que constantemente ataca a imprensa livre quando ela desfere críticas a seu governo.
A comunicação está passando por uma extrema transformação e cada vez mais os cidadãos de todo o mundo emitem e recebem informações em tempo real. Sempre aparecem novas notícias bombásticas que em pouco tempo tomam proporções gigantescas. Mas e quando essas notícias não são verdadeiras? Temos aí as fake-news.
Crimes na internet
Todo cuidado é pouco quando o assunto é informação na internet. E é bom saber que vários crimes estão acontecendo no mundo virtual, muito devido a sensação de anonimato passada pela web. É o caso da pedofilia.
O Legislativo se movimentou para combater esse crime, ao aprovar, em 2010, lei com regras para a infiltração de agentes policiais na internet em operações para identificar pedófilos que aliciam crianças e adolescentes nas redes sociais. O senador Humberto Costa (PT-PE) que foi o relator da proposta no Senado, acredita que a medida vai ajudar a desbaratar quadrilhas que agem na rede. “Essa é uma das formas que permite que os órgãos de inteligência, as polícias possam fazer investigações mais aprofundadas — disse o senador”.
Refugiados já são realidade no Brasil
Os movimentos migratórios em todo mundo – inclusive no Brasil – e as suas repercussões na política, na cultura e na economia vão marcar presença no Enem 2017. Nas questões de História e Geografia e, quem sabe, na Redação. As chances aumentaram quando o problema dos refugiados, que parecia coisa apenas da África, Ásia e Europa, se fez presente na realidade brasileira.
Além de refugiados que têm como origem o outro lado do Atlântico, o país já recebeu milhares de venezuelanos, que chegaram em decorrência da crise política no país vizinho.
O Enem, por sinal, também é feito por estrangeiros que estão estudando no país, embora o exame não sirva mais como prova de obtenção do diploma do ensino médio, como acontecia em anos anteriores. Em 2017, a Universidade Federal de São Carlos já ofereceu vagas para refugiados via Enem e a tendência é que a medida possa se repetir em outras universidades.
O tema refugiados está presente na pauta desde 2014, inclusive em discussões na Comissão de Relações Exteriores do Senado. De acordo com dados das Nações Unidas, já são 22 milhões de refugiados no mundo. Mais de 80% dos pedidos de refúgio são para países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, que registrou um aumento de 12% no fluxo, de 2015 a 2016. Eles vêm principalmente da Síria, da República Democrática do Congo e do Paquistão.
Em audiência pública na CRE, o professor da Universidade de São Paulo, André de Carvalho Ramos, lembrou que o Brasil foi construído com imigrantes, e que o fluxo migratório favorece o que chamou de “multiculturalidade”. “O Brasil tem uma sociedade com qual deve se orgulhar, justamente pelo esforço dos imigrantes”, disse.
A síria Nana Jabbour, veio da capital Damasco para o Brasil, fugindo da guerra civil. O depoimento dela mostra as dificuldades por que costumam passar os refugiados. “Meu pai e minha mãe resolveram sair de lá e o único país que aceitava era o Brasil. Deixei tudo e vim para cá. Deixei família e os amigos e mudei a vida completamente”. A Síria reconhece que na maioria das vezes recebe apoio dos brasileiros, o que “tem deixado tudo mais tranquilo”.
O estado de Roraima vivencia um grande fluxo migratório, a partir da fronteira com a Venezuela. Somente em 2016, mais de dois mil venezuelanos foram à sede da Polícia Federal para solicitar visto na condição de refugiados. Só que os municípios não contam com infraestrutura adequada para receber essas pessoas.
Segurança pública: muitos temas em um só
Na hora de apontar os maiores problemas nacionais, a segurança pública, ou a falta dela, estará no alto da lista. O tema – por comportar tantas propostas de solução – também costuma ser citado como favorito para cair no Enem e é um dos mais recorrentes nos debates do Senado. São muitos os aspectos discutidos: polícia de fronteiras, ação das forças armadas, maioridade penal, porte de armas e situação dos presídios.
Dados mostram que o Brasil é o país com o maior número absoluto de homicídios no mundo, e o nono em relação à população, com 30 assassinatos para cada cem mil habitantes, resultando em 60 mil mortes violentas por ano. A situação brasileira foi classificada como uma epidemia pela Organização Mundial da Saúde.
Um dos assuntos quentes que está em debate sobre segurança pública é o armamento e o desarmamento, teses que encontram defensores dos dois lados.
Meio ambiente cada vez mais presente na prova
A relevância do Brasil quando o assunto é meio ambiente torna o tema um dos mais citados nas previsões para a redação do Enem. E ainda que não caia na redação, o assunto, por envolver diversas disciplinas e áreas de conhecimento, certamente será cobrado no Enem.
Em 2017, as chances são ainda maiores depois das discussões sobre a Reserva Mineral de Cobre e seus Associados (Renca), uma área de 47 mil quilômetros quadrados localizada entre o Pará e o Amapá. O governo Temer editou um decreto, já revogado, que extinguia a reserva, o que gerou críticas na sociedade e em organismos internacionais.
Também podem surgir na prova questões relacionadas às consequências da preservação para a vida nas cidades, incluindo situações extremas, como cheias e secas severas.
No caso do Distrito Federal, a população já convive com um racionamento de água uma vez por semana desde o início de 2017. Para o senador Cristovam Buarque (PPS-DF), a falta de planejamento e de cuidado com o meio ambiente começa a mostrar seus efeitos.
O Nordeste vive, desde 2010, uma seca que atinge mais de 80% dos municípios da Região. Situação grave, como destaca o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). “Há milhões de vozes na minha região que apelam por cuidados e por ajuda. Vozes com sede de água e de cuidado que vêm da caatinga, exatamente o mais esquecido dos biomas brasileiros”, discursou.
O senador Jorge Viana (PT-AC) atenta para outro fator de desequilíbrio para o meio ambiente: o aumento populacional somado ao aumento do consumo e na geração de resíduos. O Brasil produziu 76 milhões de toneladas de lixo em 2013. Cada brasileiro gera um quilo de lixo por dia. “Os modelos que implementamos são absolutamente insustentáveis, o risco de mudanças no clima é atual, presente e grave”, disse o senador.
A Prova
Nos próximos dias 5 e 12 de novembro, seis milhões de estudantes farão o Enem. A prova em dois domingos é uma novidade de 2017. O objetivo é diminuir a tensão e o cansaço típicos dos vestibulares. Além disso, os estudantes ganharão um tempo extra para os estudos de última hora.
O Senado também compartilhou dicas para a prova:
E também links sobre sites disponibilizados pelo governo federal para se estudar para a prova:
Sites e grupos de discussão sobre o Enem
https://www.facebook.com/Vestgeek/
https://www.facebook.com/RedeEnem
https://tvescola.mec.gov.br/tve/videoteca/serie/horadoenem
Redação do Enem: possíveis temas, como não zerar e o que fazer na reta final
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