Temer reiterou disposição de manter apoio de forças para o Rio, diz Jungmann

  • Por Estadão Conteúdo
  • 22/09/2017 15h19
Divulgação Divulgação Ministro da Defesa, Raul Jungmann, garante que o Exército não substitui a polícia

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou nesta sexta-feira, 22, após reunião com o presidente Michel Temer, que daqui a poucas horas um efetivo de 700 homens da polícia do Exército, que já está no Rio de Janeiro, será deslocado para fazer um cerco na Favela da Rocinha, na zona sul.

A Rocinha passou por um intenso tiroteio na manhã desta sexta-feira. “Foi autorizado cerco na Rocinha para que se possa continuar o enfrentamento com criminosos”, disse o ministro em coletiva no Palácio do Planalto. “O Exército não substitui a polícia. Quem está na ponta são os policiais. Nós atuamos por demanda”, ponderou.

Segundo o ministro, o efetivo total que a União dispõe no Comando Militar Leste é de 30 mil homens e, operacionalmente, até 10 mil homens podem ser mobilizados de forma mais rápida caso haja necessidade. “Trinta mil é todo efetivo que o comando militar leste tem. Oficialmente, podemos deslocar 10 mil homens. Neste momento, por se tratar de uma demanda de urgência, você desloca com mais velocidade a polícia do Exército. Agora serão 700”, explicou.

“O contingente pode aumentar, mas depende da demanda. Quem estabelece isso é o centro integrado”, afirmou, dizendo que a União e o Estado do Rio estão trabalhando de forma harmônica.

Jungmann, que teve na manhã desta sexta um encontro com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para também tratar do assunto, disse ainda que o presidente Temer reiterou a disposição de manter o apoio das forças federais e de todos recursos orçamentários para tentar conter a crise de segurança no Estado. “Até hoje não tivemos escassez de recursos”, garantiu

O ministro disse ainda que nos próximos dias o presidente e o ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, irão anunciar um “amplo pacote social” para o Estado.

Jungmann fez uma analogia com enfermidades e disse que o Rio está “na UTI” e que todos os tratamentos são fundamentais. Questionado sobre se o Estado não precisa de ações estruturantes em vez de soluções paliativas, o ministro comparou: “Você tem um doente na UTI e ele tem fraturas e hemorragia e cirrose. O que cuida primeiro? Hemorragia ou Cirrose? Estamos trabalhando sob a urgência e estruturalmente também”, disse.

“Neste sentido, o presidente Temer liderou o processo de recuperação fiscal no Rio de janeiro. Ontem (quinta), o governador Pezão me disse que terá acesso ao credito de R$ 3 bilhões para colocar os salários em dia, inclusive o dos policiais”, afirmou.

Segundo o ministro, o governador do Rio também vai retomar o sistema integrado de metas e ele acha que terá condições de policiamento. “Ele está empenhado em uma reestruturação das polícias e isso significa fortalecer as polícias do Rio”, declarou. Jungmann disse ainda que Pezão “tem uma notícia de grande impacto na segurança e que irá para a Assembleia Legislativa”. “Mas não posso falar, não posso adiantar.”, finalizou.

Parlatórios

Raul Jungmann afirmou que teve uma “excelente reunião” com a nova Procuradora-Geral, Raquel Dodge, na qual apresentou a necessidade de que uma Força tarefa federal atue com o Ministério Publico e com a Polícia Federal para tentar combater a criminalidade crescente no Rio de Janeiro. Na conversa, segundo o ministro, Raquel fez a sugestão de que se instale parlatórios nos presídios para dificultar a comunicação dos detentos (com a parte externa) que continuam comandando o crime de dentro das prisões.

“Levei a ela a situação do Rio e a necessidade de uma força tarefa federal com MPF, Polícia Federal e Justiça Federal para combater não só o crime organizado, mas o estado paralelo que hoje existe no Rio de Janeiro”, disse. “Ela me recebeu muitíssimo bem e ficou de dar resposta”, completou.

Segundo divulgou a assessoria de imprensa da PGR, Raquel pediu a Jungmann que formalize uma proposta, indicando qual seria o papel de cada instituição no eventual grupo de trabalho, para que seja analisada por sua equipe.

Comunicação.

Jungmann afirmou que concorda com a proposta de Raquel Dodge sobre a limitação de comunicação nas cadeias, pois elas são “home-offices do crime”. “A procuradora-geral deu uma sugestão que é colocar parlatórios dentro dos presídios e espero que seja seguido pelos Estados”, disse. O ministro informou que o contato dos presos com advogados e familiares livremente faz com que eles consigam comandar de dentro da prisão o crime nas ruas.

Segundo ele, a colocação deste tipo de mecanismo – no qual há cabines monitoradas e que separam o detendo do visitante – enfrenta resistência sobretudo por advogados criminalistas.

“Entre a relação de um advogado e uma pessoa que cometeu crime é uma coisa. Mas advogado de um bando pode ser ameaçado e chantageado. Não quero criminalizar os advogados, estou dizendo que temos casos diferentes”, destacou. Segundo ele, a sugestão será levada ao presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)

Varreduras

O ministro negou que o Plano Nacional de Segurança tenha fracassado e disse que foram realizas 30 varreduras e que “um em cada três presos está armado” nas cadeias. “Boa parte do nosso sistema prisional é peneira”, disse, destacando que as cadeias não são de responsabilidade da União e sim dos Estados. “Nós fizemos a varredura, agora mantê-las limpas é trabalho dos Estados”, afirmou.

‘Assunto encerrado’

Jungmann foi questionado ainda sobre a polêmica criada pelo general da ativa Antonio Hamilton Martins Mourão que, em palestra na última sexta-feira, em uma loja maçônica em Brasília, defendeu a possibilidade de intervenção militar diante da crise política que toma conta do País. “Me reuni com o comandante do Exército, ele emitiu nota e o assunto está encerrado”, disse.

Em nota distribuída à imprensa às 21h desta quinta-feira, 21, o Centro de Comunicação Social do Exército informou que em reunião realizada à noite no Ministério da Defesa o comandante da Força, general Eduardo Villas Bôas, apresentou ao ministro da Defesa “as providências adotadas em relação ao episódio envolvendo o General Mourão, para assegurar a coesão, a hierarquia e a disciplina”. Villas Bôas, no entanto, não citou que providências foram essas.

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