“Temos de mudar a forma de fazer política, mas não acabar com ela”, defende Cármen Lúcia

  • Por Jovem Pan
  • 15/08/2017 13h06
Jovem Pan "Quando eu morrer, não precisa cruzar meus braços, continuarei lutando pelo Brasil", disse a presidente do Supremo

Em participação no Fórum Mitos & Fatos – Justiça Brasileira, realizado nesta terça-feira (15) em São Paulo, pela Jovem Pan, a presidente do Supremo Tribuna Federal, ministra Cármen Lúcia, exaltou o papel de cada cidadão para que se construa um País melhor.

Com a Constituição em mãos, a magistrada criticou a corrupção e defendeu que não deve existir uma aversão à política: “não demonizo a política, não acho que a gente possa viver fora da política. Temos de mudar a forma de fazer política e de combater a corrupção, mas não acabar com a política (…) A corrupção corrói as instituições, deteriora a política e descontrola a economia, por isso, além de tudo é fator de destruição institucional e não só de valores. É destruição que se dá das instituições”.

Em discurso forte e repleto de citações literárias e jurídicas, Cármen Lúcia reafirmou que gosta do Brasil, mas não o quer passando pelo que passa atualmente. “Quero mudar o Brasil, não quero me mudar do Brasil. Este Brasil precisa ser mudado. Acredito no Brasil e no cidadão brasileiro”.

Presidente do Supremo, a ministra exaltou a necessidade de um ambiente ético para se construir um País melhor. “Para mim, ética não é escolha. Ética é a única forma de vivermos sem o caos, respeitando o outro”, afirmou. “Corrupção é crime, simples assim, e como crime tem que ser investigado, processado e punido”, completou.

A busca pela honestidade, segundo ela, é de todo cidadão. Para Cármen Lúcia, a “corrupção é um ato de traição”. “Se queremos ser um povo civilizado, com marco civilizatório, eficiência de serviços para que tenhamos princípios listados na Constituição, precisamos de fazer valer esses princípios da igualdade, liberdade, solidariedade, inclusive entre gerações”, defendeu.

“Quanto à ética e à sociedade, nós servidores públicos temos o dever constitucional, legal, moral que todo cidadão tem, de sermos honestos. Mas como cidadão também tenho dever de ser honesta, moral, ética. Não há estado que amadureça democraticamente cumprindo a ética quando aquele que vitupera falta ética, fura fila da cantina, atravessa a grama não qual esta placa de ‘proibido pisar’”, disse.

Leis copiadas pelo mundo

Cármen Lúcia defendeu a legislação brasileira e disse que esta é um exemplo para diversos países do mundo. Entretanto, ela pontuou que há divergências. Por exemplo, ao mesmo tempo que temos a Lei Maria da Penha, temos diversos casos de estupro registrados em apenas um dia. Temos uma lei de probidade, mas também há a Lava Jato que apura as irregularidades.

Comparação com Zuzu Angel

Quando Zuzu Angel morreu, ela que foi uma das mais importantes estilistas da história da moda no País, além de incansável oponente da violência do governo militar, seus braços não puderam ser cruzados pois estavam enrijecidos.

Zuzu era mãe de Stuart Edgar Angel Jones, torturado e assassinado pela ditadura. Ela passou anos denunciando as arbitrariedades da repressão até morrer em um acidente de carro tido por muitos anos como suspeito, em 1976 – mais tarde assumido como assassinato.

“Sou da terra de Zuzu Angel (…) Nós do gerais (mundo) não cruzamos o braço diante de injustiça, nem morta, literalmente. Quando eu morrer, não precisa cruzar meus braços, continuarei lutando pelo Brasil (…) Juntos somos muito mais”, finalizou.

Confira o discurso de Cármen Lúcia completo:

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.