Thereza Collor quer ser deputada e vê corrupção “mais alastrada” que em 1992

  • Por Jovem Pan
  • 05/04/2018 16h38 - Atualizado em 06/04/2018 18h12
Jovem Pan Thereza Collor viu e participou do que aconteceu, como testemunha e personagem da história. Agora, Thereza, que é historiadora, é candidata a deputada federal em São Paulo.

Maria Thereza Pereira de Lyra Collor de Mello Halbreich viveu no olho do furacão de uma crise familiar e política que envolveu acusações de corrupção nas mais altas instâncias do poder e “delações”, ainda não premiadas à época. Vinte seis anos depois, ela quer se tornar deputada federal pelo PSDB e sua principal bandeira é justamente o combate à corrupção.

Em 1992, quando o Brasil assistiu à crise que culminou na queda de Fernando Collor de Mello, Thereza era casada com Pedro Collor, então irmão do presidente. Pedro foi um personagem-chave da crise, pois partiram dele as primeiras denúncias de corrupção no Palácio do Planalto que levaram ao primeiro processo de impeachment no Brasil redemocratizado.

“Não entendo por que estamos ainda com uma situação tão drástica de corrupção depois de termos vivido um processo de impeachment há tão pouco tempo, como foi o processo do presidente Collor”, diz Thereza em entrevista a Augusto Nunes no programa Perguntar Não Ofende. “Eu vivi de perto, eu estava junto com o Pedro e foi muito difícil”, relembra.

“Quando isso aconteceu na família, foi realmente uma coisa que chocou. Mas chegou a um ponto em que realmente tivemos de fazer a denúncia. É muito difícil no seio da família você denunciar um irmão por corrupção. E nós achávamos que isso era uma questão de exemplo para o Brasil que mudaria o País”, afirma.

O que seria um “exemplo para toda a classe política” não foi. “Passados todos esses anos, 26 anos, vemos que a corrupção continuou, mas de uma forma mais alastrada, mais endêmica”, avalia a pré-candidata. “Nesses anos do governo do PT, ela se enraizou em todos os segmentos. Acho que isso ficava mais no alto da pirâmide, localizado. Agora banalizou-se a corrupção. Ficou uma coisa ‘normal’. Todo mundo achava que tinha que dar aquele ‘pedágio’. Isso não existe em uma sociedade digna, decente. Se não fosse a Operação Lava Jato, o que seria desse País?”, questiona.

Ela levanta a bandeira anticorrupção e defende a maior operação de combate à corrupção.

“A Lava Jato foi fundamental e o Congresso tem que apoiar. Por isso o Congresso tem que ser renovado”, diz. “Querem obscurecer, atrapalhar e dificultar todo o processo da Operação Lava Jato. A Lava Jato é importantíssima, mas tem que ter outras operações, porque a cada momento que você levanta o tapete, vai aparecendo mais sujeira, mais podridão dentro de todos os órgãos federais e estaduais. A coisa pública está toda podre”, analisa.

“A minha principal bandeira é anticorrupção. Temos que desmontar esse sistema que se fez tão forte dentro do Congresso, se institucionalizou. As forças estão muito fortes ali dentro”, diz a empresária e socialite candidata a deputada.

“Eu sou uma pessoa da paz, eu gosto de diálogo. Eu tenho um temperamento muito conciliador, mas eu não aguento mais ver até quando a população vai aguentar esse descaso e até onde vai essa roubalheira, essa corrupção. Não tem mais limite”, discursa. “O povo aprendeu muito, o Brasil teve várias conquistas, mas enquanto não houver uma melhora no sistema de educação do País, a população mais ampla continua sendo iludida por falta de conhecimento da realidade e continua elegendo pessoas inadequadas”.

Oligarquias e família política

Embora tenha uma família tradicional na política, Thereza Collor critica as “oligarquias” que tomam conta da política no Nordeste, a qual chama de “hereditária”. “Aquilo virou como se fosse um feudo”, afirma, comparando a situação às capitanias hereditárias. “Não é só Alagoas”, diz.

O pai de Thereza é um grande empresário de Alagoas e parte deste lado da família também tem relações políticas. Por parte de mãe, o tio-bisavô dela, Epitácio Pessoa, foi presidente da República. “O primo de primeiro grau de meu bisavô era João Pessoa”, que dá nome à capital do estado nordestino, lembra também. “A política está no sangue”, diz.

Thereza Collor diz que o impeachment do irmão do ex-marido “seria o grande momento da conscientização” da classe política, “no entanto não aconteceu”. “Continuei vendo e não queria entrar nesse mundo”, diz.

Mas agora ela diz que decidiu “não ficar omissa na minha área de conforto”. “Não é fácil, eu sei que é uma guerra”, prevê.

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