Tio de menina estuprada confessou ‘informalmente’ o crime, diz delegado

Suspeito já cumpriu penas entre os anos de 2011 e 2018, por tráfico de drogas; vítima passou por aborto e quadro clínico é estável

  • Por Jovem Pan
  • 18/08/2020 13h42 - Atualizado em 18/08/2020 16h04
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Banco de imagens/Pixabay estupro violencia contra a mulher Abusos contra a menina teriam começado em 2017; suspeito foi preso nesta terça

O tio da menina de 10 anos que foi estuprada e acabou engravidando confessou “informalmente” o crime nesta terça-feira. Ele estava foragido e foi preso nesta manhã em Betim, interior de Minas Gerais. O delegado Ícaro Ruginski Borges Nascimento, chefe da Superintendência de Polícia Regional Norte, confirmou a informação em coletiva de imprensa.  “Informalmente, aos policiais, ele afirmou que realmente possuía uma intimidade com a menina e cometeu abusos contra ela.” O caso ganhou notoriedade após a vítima obter autorização para interrupção da gravidez em outro estado, houve bate-boca entre grupos religiosos contrários ao aborto e outros a favor. Segundo informações da repórter Patrícia Scalzer, da Jovem Pan do Espírito Santo, a polícia chegou até ele por denúncias anônimas. Em um primeiro momento, o suspeito se escondeu no interior da Bahia e depois viajou para Minas Gerais. Ele está a caminho de Vitória, será interrogado e encaminhado para um presídio na cidade que possui ala exclusiva para suspeitos de crimes sexuais. Ele já cumpriu penas entre os anos de 2011 e 2018, por tráfico de drogas. Em 2017, migrou para o regime semiaberto. No mesmo ano, os abusos teriam começado.

O governador Renato Casagrande usou seu Twitter para confirmar a informação: “A nossa polícia efetuou nesta madrugada a prisão do estuprador da menina violentada no interior do ES. Que sirva de lição para quem insiste em praticar um crime brutal, cruel e inaceitável dessa natureza.” Casagrande ainda afirmou que mais detalhes sobre a operação serão detalhados em breve.

O Ministério Público Federal do Espírito Santo e o Ministério Público do Estado apuram o vazamento de dados sigilosos da menina. Os órgãos também questionam o motivo do Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes, em Vitória, ter se recusado a realizar o aborto e se houve constrangimento, ameaça ou qualquer tipo de pressão a médicos para que o procedimento não ocorresse. Em uma coletiva de imprensa na segunda-feira, 17, a direção do centro médico esclareceu que a decisão foi “estritamente técnica” e anunciou que vai abrir sindicância para investigar se houve vazamento do prontuário da criança.

O MP do Estado ainda vai analisar áudios e conversas de pessoas que estariam pressionando familiares da menina para continuar com a gravidez. No domingo, a menina foi encaminhada ao Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros, no Recife, onde concluiu o aborto na manhã desta segunda-feira. Em entrevista à Jovem Pan, o diretor clínico do hospital, Olímpio Barbosa de Morais Filho, relatou que a menina foi chamado de assassina por manifestantes. “Fizeram coral chamando a menina de assassina. Para nossa sorte, a criança não ouviu. Mais assustador ainda eram políticos, deputados que estavam ali”, contou Olímpio.

A paciente está estável e evoluiu bem. O médico clínico geral Roberto Debski, ressalta que crianças que sofrem abusos podem desenvolver traumas e distúrbios psicológicos como ansiedade e depressão. Em entrevista ao programa Os Pingos Nos Is, a deputada Chris Tonietto disse que a Frente Parlamentar Mista Contra o Aborto e Pela Vida vai apurar como o procedimento foi realizado.

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