Trabalho em vão? Moro compara frustração com solturas de Gilmar ao “mito de Sísifo”; entenda
Perguntado se se frustra ao ver prisões da Lava Jato revogadas pelo ministro do STF Gilmar Mendes, o juiz federal Sergio Moro respondeu: “nenhum juiz gosta de se sentir como se estivesse vivendo o Mito de Sísifo”.
Na entrevista concedida ao jornal O Estado de S. Paulo, o juiz da Lava Jato se referiu à mitologia grega.
O personagem recebeu como castigo, já na terra dos mortos, empurrar uma pedra de mármore até o ponto mais alto de uma montanha. Mas, toda vez que ele cumpria a exaustiva tarefa, a pedra rolava de volta para baixo. Ele deveria repetir a tarefa por toda eternidade.
Em outras passagens da história de Sísifo, ele engana a Morte duas vezes.
Veja o trecho da entrevista
ESTADÃO: Ao mesmo tempo em que o sr. manda prender, o ministro Gilmar Mendes manda soltar. O que deve prevalecer?
SÉRGIO MORO: Não penso que as questões devem ser tratadas a nível pessoal, mas institucional. Respeito o ministro Gilmar Mendes e espero que, ao final, ele, pensando na construção da rule of law (império da lei), mantenha o precedente que ele mesmo ajudou a construir.
ESTADÃO: O sr. se frustra com isso?
SÉRGIO MORO: Revisões de decisões judiciais fazem parte do horizonte da profissão. Evidentemente, nenhum juiz gosta de se sentir como se estivesse vivendo o Mito de Sísifo.
Na entrevista, Moro também reiterou sua preocupação com o Supremo Tribunal Federal mudar seu entendimento a respeito das prisões após condenação em segunda instância. “Com todo o respeito ao Supremo, seria, no entanto, lamentável se isso ocorresse”, disse.
Moro expressou pela primeira vez a preocupação durante o fórum Jovem Pan Mitos e Fatos, onde chegou a relatá-la à presidente do STF Cármen Lúcia. Relembre na palestra proferida abaixo:
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