Tragédia em Brumadinho poderia ter sido evitada, diz promotora: ‘Nenhuma providência prática foi tomada’

  • Por Jovem Pan
  • 11/03/2019 21h18 - Atualizado em 11/03/2019 21h29
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DIOGO ANTUNES/ESTADÃO CONTEÚDO Rompimento da barragem já contabiliza 197 mortos

A promotora Paula Ayres Lima, do Ministério Público do Estado de Minas Gerais,  disse nesta segunda-feira (11) que a força-tarefa que investiga o rompimento de barragem da Vale em Brumadinho, ocorrido no fim de janeiro, já tem convicção de que a tragédia poderia ter sido evitada. Ela afirmou que vários órgãos que participam das apurações acreditam que foi crime doloso, já que a situação de risco era conhecida desde 2017.

“Nenhuma providência prática foi tomada, nem o Plano de Ação Emergencial, que não teria evitado o rompimento, mas teria evitado a catástrofe humana, foi adotado”, disse, lembrando que há informações sobre tentativa de se resolver o problema, mas que não deu certo e foi abandonada. “Tudo indica que eles teriam que parar a produção e ficou-se sempre buscando uma solução que evitasse parar a operação”, completou.

Segundo a promotora, 18 pessoas estão sendo investigadas, mas a força-tarefa não iniciou ainda a tipificação de todos os crimes associados ao rompimento da estrutura. O presidente afastado da companhia, Fábio Schvartsman, não foi ouvido. “Essa investigação é quebra-cabeça de milhões de peças e todas têm se mostrado importantes. Há um conjunto de provas que está permitindo que a gente já faça algumas conclusões”, disse.

Paula também frisou que a tipificação legal pode levar a crimes contra a fauna e a flora, além das mortes. Para a promotora, não se pode atribuir a culpa à empresa. “A Vale é pessoa jurídica. O que a gente vê é que funcionários que lidavam ali no dia a dia, principalmente aqueles que tiveram mandado de busca e apreensão, não fizeram nada. É mais que omissão. É uma omissão muito sabida. Eles tinham consciência que existia um risco.”

Posicionamento

Em posicionamento a Vale reiterou “que nenhum depoimento de funcionário indica conhecimento prévio de cenário de risco iminente de ruptura da barragem”. De acordo com a empresa, “as questões apontadas nas auditorias vinham sendo atendidas sob a orientação das próprias empresas de auditoria. Depoimentos dos empregados da Vale também refutam qualquer pressão para concessão da declaração de estabilidade da barragem.”

*Com informações do Estadão Conteúdo

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