Vacinação em massa reduziu mortes por Covid-19 em 95% em Serrana, aponta estudo

Projeto S, realizado no interior de São Paulo pelo Instituto Butantan, mostrou que pandemia pode ser controlada com 75% das pessoas imunizadas

  • Por Jovem Pan
  • 31/05/2021 13h14 - Atualizado em 31/05/2021 16h30
Luis Lima/Estadão Conteúdo - 08/01/2021 Seringa com vacina A aplicação das duas doses garantiu redução de 95% nas mortes, 86% nas internações e 80% dos casos sintomáticos

O governo do Estado de São Paulo e o Instituto Butantan divulgaram, no início da tarde desta segunda-feira, 31, os resultados do Projeto S, estudo que vacinou todo o município de Serrana com duas doses da vacina CoronaVac para avaliar o desempenho e segurança do imunizante. Os resultados foram promissores e, de acordo com a pesquisa, a pandemia do coronavírus pode ser controlada com 75% da população vacinada. A aplicação das duas doses garantiu redução de 95% nas mortes, 86% nas internações e 80% dos casos sintomáticos. O diretor do Butantan, Dimas Covas, reafirmou que os estudos até o momento não indicam a necessidade vacinar os idosos novamente. Serrana ainda deve cumprir as recomendações do Plano São Paulo, em relação a retomada das atividades.

A cidade Serrana tem população estimada de 45.644 pessoas, sendo que 28.380 (62,2% do total) são maiores de 18 anos. O mapa da região foi divido em quatro cores — amarelo, verde, cinza e azul — e a ordem de imunização seguiu um sorteio, para que acontecesse de forma aleatória. As primeiras doses começaram a ser aplicadas na semana do dia 14 de fevereiro; as últimas, na semana finalizada em 10 de abril. Os grupos seguiram a mesma ordem para aplicação das duas doses, respeitando o intervalo de 28 dias. A linha de corte para análises foi a 14ª semana epidemiológica (dos dias 4 a 10 de abril).

Antes das aplicações começarem, todos os voluntários foram submetidos ao teste de sorologia para avaliar quem já tinha tido contato com a Covid-19 antes do estudo. A exposição prévia geral foi de 25,7% — ou seja, 25,7% das 28.380 pessoas já tinham sido contaminadas ou estiveram em contato com o vírus ao longo dos últimos meses. A adesão da primeira dose ficou em 97,7% (27.722 vacinados). A adesão da segunda dose teve uma queda não significativa, que representa 97,9% daqueles que tomaram a primeira dose (27.160 pessoas). Ao final das aplicações, a cobertura vacinal foi de 95,7% do total. Ao todo, 54.883 doses foram aplicadas e 67 eventos adversos graves não relacionados a vacina foram relatados. Após a primeira dose, 4,4% das pessoas relataram reações adversas — apenas 0,02% tiveram as atividades do dia a dia prejudicadas. Após a segunda dose, 0,2% relatou reações adversas. Nenhuma delas em grau elevado.

Os números de internações e óbitos por Covid-19 em quem tomou a vacina CoronaVac também tiveram reduções significativas: 15 pessoas acima de 60 anos foram infectadas entre a primeira e a segunda dose e cinco morreram. Entre o grupo com 59 anos ou menos, foram 28 internações e dois óbitos. Já no período até 14 dias após a segunda dose, duas pessoas maiores de 60 anos foram internadas e apenas uma morreu. Entre os com 59 anos ou menos, três foram internados e nenhum morreu. Depois de 14 dias da segunda dose, ninguém com mais de 60 anos foi internado ou morreu. Entre os mais novos do que 59 anos, dois foram internados e nenhum morreu.

De acordo com os especialistas, na comparação com municípios próximos, como Pontal e Brodowski, a queda nos indicadores é visível. Nas ponderações finais, foi concluído que a CoronaVac confirmou sua segurança em larga escala e que o efeito indireto da vacinação foi evidenciado desde o primeiro grupo vacinado. Também foi observado que o terceiro grupo imunizado teve uma queda antecipada nos números e o quarto grupo teve uma redução importante de casos antes mesmo de completar o esquema vacinal. Além disso, o efeito indireto foi evidente em grupos de pessoas não vacinadas — incluindo crianças e adolescentes. O controle da pandemia pela vacinação foi mantido, inclusive, com o trânsito de pessoas em áreas com alta transmissão. A efetividade final também foi verificada com a variante P1 circulando e não houve seleção genética de novas variantes após a imunização.

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