Veja dicas de como ajudar o seu filho na escola
Psicopedagoga e orientadora educacional pontua como ajudar crianças e adolescentes em fases difíceis com técnicas simples que garantem saúde mental na família
Quem nunca passou por isso: a dificuldade em ajudar os filhos na escola? É cada vez mais nítido o problema de entendimento entre gerações e isso não deveria ser um bicho de sete cabeças. Segundo Talitha Viola, pedagoga, psicopedagoga e orientadora educacional, os adolescentes de hoje enfrentam desafios únicos que podem impactar sua capacidade de aprendizagem. “Embora não possamos generalizar que esta geração sofre mais para aprender, é inegável que o contexto atual apresenta fatores que podem dificultar o processo educacional. A alta exposição à tecnologia e às redes sociais, por exemplo, pode levar a distrações constantes e a dificuldades de concentração. Além disso, a pressão por desempenho acadêmico e as exigências sociais aumentaram, gerando níveis mais elevados de ansiedade e estresse”, pontua.
Mas nem tudo está perdido. Segundo a especialista, por outro lado, esta geração também tem acesso a uma vasta quantidade de recursos e ferramentas educacionais que podem facilitar o aprendizado, desde que bem direcionados. “A tecnologia, quando bem utilizada, é uma forte aliada a aprendizagem. Diversos fatores interferem na aprendizagem tanto de forma positiva como de forma negativa. A constante exposição a dispositivos eletrônicos e o bombardeio de informações podem causar distração, dificultando a concentração e a retenção de informações. Além disso, o uso excessivo de tecnologia também pode impactar negativamente habilidades sociais e emocionais”, alerta.
É claro que precisamos listar outros aspectos que desenham o cenário atual do ensino no país como, por exemplo, a desigualdade de acesso à educação. Isso cria uma disparidade significativa no acesso às oportunidades de aprendizado. “Sem falar na ansiedade e stress causado pela cobrança de melhores desempenhos. Esses fatores emocionais podem interferir na capacidade de foco, na memória e no processamento de informações. Por isso, hoje assistimos uma enxurrada de diagnósticos de transtornos de aprendizado que nem sempre são adequados. É importante ressaltar que a identificação precoce e as intervenções adequadas são fundamentais”.
O cenário atual de desafios de aprendizagem nas salas de aula é cada vez mais comum devido a uma combinação de fatores sociais, tecnológicos e educacionais. O mundo mudou e as escolas, de forma geral, continuam no mesmo “formato” de antigamente e é necessário considerar a mudança de perfil dos estudantes. “O sistema educacional precisa de atualização para atender as demandas e necessidades da atualidade. As salas de aula de hoje são mais diversas do que nunca, com estudantes de diferentes origens culturais, socioeconômicas e com diferentes necessidades de aprendizagem. Essa diversidade requer abordagens pedagógicas mais individualizadas, o que pode ser um desafio para muitos sistemas educacionais que ainda operam em um modelo mais tradicional”, fala a psicopedagoga. “A verdade é que as escolas ensinam conteúdos, mas não ensinam como estudar. Ajudar seu filho ou filha a estudar pode fazer uma grande diferença no sucesso acadêmico e no bem-estar emocional deles. Hoje minha maior demanda em consultório é de adolescentes que querem aprender estratégias de estudos, pois o que funciona para um nem sempre funciona para o outro.”
A pedido do portal Jovem Pan, Talitha Viola enumerou dicas de algumas estratégias eficazes que pais podem adotar para ajudarem os filhos nesse desafio de aprendizado:
- Crie uma rotina de estudo. É preciso haver disciplina com horário regular que se encaixe na rotina diária da família;
- Prepare um ambiente adequado: que deve ser um local silencioso, iluminado e livre de distrações para que seu filho possa se concentrar;
- Divida as tarefas ou atividades em partes menores: isso torna o trabalho menos intimidante e ajuda a manter o foco;
- Dê importância a pequenas pausas: incentive pequenas pausas quando o estudo for longo ou cansativo para que seu filho possa relaxar e recarregar as energias;
- Mostre a seu filho diferentes técnicas de estudo: exemplifique a ele várias estratégias como mapas mentais, resumos, flashcards e explicação em voz alta. Experimente várias técnicas para descobrir qual funciona melhor para ele;
- Demonstre interesse: faça perguntas, ajude com os deveres de casa e ofereça-se para revisar matérias juntos. Sua participação ativa pode ser muito motivadora;
- Oriente e monitore o uso de tecnologia: certifique-se de que o tempo de tela não interfira nos estudos. Utilize aplicativos e recursos tecnológicos que possam facilitar o aprendizado, mas mantenha um equilíbrio saudável.
A especialista ainda ressalta: “Lembre-se de que cada criança é única e saber que seu filho pode precisar de abordagens diferentes é fundamental. Como psicopedagoga, reforço a importância de observar o que funciona melhor para seu filho e estar disposto a adaptar as estratégias conforme necessário”. Para Viola, o celular pode ser tanto um vilão quanto uma ferramenta valiosa no aprendizado, dependendo de como é utilizado. Se não for gerenciado adequadamente, pode se tornar uma fonte significativa de distração. “Com estratégias adequadas, é possível controlar seu uso para que ele não prejudique o processo de aprendizado. Proibir o uso não é a solução. O importante é fazer combinados e estabelecer metas claras de uso.”
Sobre o celular, a psicopedagoga Talitha Viola ensina:
- Aproveite aplicativos que ajudam a focar, como timers de técnicas, bloqueadores de distrações e aplicativos de gerenciamento de tarefas. Esses aplicativos podem transformar o celular em uma ferramenta de apoio ao estudo;
- Incentive o uso para propósitos educacionais; oriente seu filho a usar o celular para acessar recursos educativos, como vídeos explicativos, podcasts, e-books e aplicativos de aprendizagem. Isso pode enriquecer o processo educacional e tornar o estudo mais interativo e interessante;
- Dê o exemplo mostrando como você mesmo gerencia o uso do celular de forma produtiva. Crianças e adolescentes tendem a imitar o comportamento dos adultos, então demonstrar boas práticas pode influenciá-los positivamente;
- Permita o uso do celular para fins recreativos, mas apenas durante pausas programadas. Isso ajuda a satisfazer a necessidade de conexão social e entretenimento sem comprometer os períodos de estudo;
- Mantenha um diálogo aberto sobre o uso do celular e observe o impacto no desempenho acadêmico. Faça ajustes conforme necessário, estabelecendo limites mais rígidos ou flexíveis, de acordo com a necessidade e o progresso observado.
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