Veja os depoimentos que o MP usou para dizer que Lula é o maestro da corrupção

  • Por Jovem Pan
  • 16/09/2016 19h52
BRA58. SAO PAULO (BRASIL), 15/09/2016 - El expresidente de Brasil Luiz Inácio Lula da Silva hace un pronunciamiento hoy, jueves 15 de septiembre de 2016, en Sao Paulo (Brasil). Luiz Inácio Lula da Silva rechazó hoy las acusaciones de corrupción y lavado de dinero de la Fiscalía y, en un irónico y largo pronunciamiento, dijo que si le prueban algún delito irá caminando hasta la comisaría para su detención. "Prueben e iré caminando para ser detenido en Curitiba", afirmó el ex jefe de Estado al citar la ciudad desde donde la Fiscalía lidera todas las investigaciones sobre el gigantesco escándalo de corrupción en la petrolera Petrobras. EFE/Sebastião Moreira EFE/Sebastião Moreira Imagens de Luiz Inácio Lula da Silva em discurso após denúncia - EFE

Um dia depois de apresentarem denúncia contra Lula, e pouco depois de o ex-presidente convocar uma entrevista coletiva para se defender, os procuradores da Operação Lava Jato anexaram ao processo um conjunto de 18 vídeos contendo depoimentos dos delatores Pedro Corrêa, Nestor Cerveró, Delcídio Amaral e Fernando Baiano, todos eles revelando detalhes de como o PT criou um esquema corrupto para ter uma base de apoio parlamentar, e também indicando que Lula conhecia a fundo todas a engrenagens do esquema.

Os depoimentos foram colhidos entre o final de agosto e o começo de setembro e repetem, na maior parte, declarações que os delatores já haviam feito em outros momentos da investigação. Mas o conjunto deixa claro que o objetivo dos procuradores era obter um passo a passo da formação do regime da “propinocracia” que eles delinearam nas 90 primeiras páginas da denúncia contra Lula. Em outras palavras, eles queriam recuperar os detalhes de como o PT, sob o comando de Lula, garantiu ter governabilidade primeiro com o mensalão e depois com o petrolão.

Os depoimentos de Delcídio Amaral e Pedro Corrêa são os mais contundentes nesse sentido.

Delcídio, por exemplo, afirma que depois do mensalão e do desgaste que isso trouxe ao seu governo, Lula se articulou para formar uma nova base no Congresso. A partilha das diretorias da Petrobras entre partidos como o PMDB e o PP teria sido a ferramenta dessa cooptação. “Aí as coisas escancaram mesmo”, diz o ex-senador.

Pedro Corrêa, ex-deputado do PP, relata o encontro em que Lula definiu que Paulo Roberto Costa assumiria uma diretoria na estatal conforme desejava o partido aliado.

O episódio de obstrução de votações de interesse do governo narrado no vídeo acima, com o objetivo de garantir a nomeação de Paulo Roberto Costa, é corroborado por Delcídio.

Lula Sabia

Tanto Delcídio quanto Corrêa são enfáticos ao afirmar que Lula estava ciente de todo o sistema de “arrecadação” de dinheiro para os partidos por meio do desvio de dinheiro da Petrobras.

Correa narra episódios em que Lula, em meio à campanha de 2006, se esquivou de pedir para que o PT abastecesse o caixa eleitoral do PP sob o argumento de que o dinheiro que fluía da Petrobras já era mais do que suficiente. Referindo-se a Paulo Roberto Costa, ele retrucava a Corrêa: “O Paulinho diz que vocês estão muito bem!”

Delcídio afirma que Lula sabia exatamente como cada partido agia dentro da Petrobras, embora não “entrasse na execução”, ou seja, não cuidasse dos detalhes de cada desvio. “E se um diretor não desempenhasse, a reclamação era direta lá no Palácio”, diz Delcídio.

Os depoimentos de Nestor Cerveró e Fernando Baiano serviram sobretudo para recuperar os detalhes de um episódio: o direcionamento de um contrato da Petrobras para o Grupo Schahin, como modo de sanar uma divída de R$ 50 milhões que o PT havia adquirido com o banco do mesmo grupo. José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula condenado nesta quinta-feira a nove anos e dez meses de prisão pelo juiz Sérgio Moro, era avalista desse empréstimo. Segundo narra Cerveró no vídeo abaixo, ao mesmo tempo em que ele providenciava o contrato com o Grupo Schahin, o petista José Sérgio Gabrielli, então presidente da Petrobras, cuidava para que uma dívida de campanha de mais de R$ 10 milhões de reais também fosse saldada com fundos desviados da estatal.

O objetivo jurídico imediato da denúncia apresentada contra Lula na quarta-feira era mostrar que o ex-presidente enriqueceu ilicitamente por causa do petrolão, pois o famoso tríplex no Guarujá e o armazenamento do acervo que levou consigo da presidência foram “presentes” de uma das empreiteiras mais imbricadas ao esquema, a OAS. A denúncia tem sido criticada porque esse objetivo imediato acabou sendo enfraquecido por um outro: o de mostrar que Lula se beneficiou politicamente com a cooptação de partidos e o uso da Petrobras para financiar campanhas.

A crítica é justa, e há um risco concreto de que Lula escape da cadeia caso a justiça não se convença de que são conclusivas as provas de que dinheiro da Petrobras, depois de percorrer um longo percurso, acabou no seu bolso.

Mas o fato de que Lula sabia de toda a bandalha que ocorria à sua volta já se tornou impossível de negar, como mostram os vídeos desta página, combinados a tantos outros indícios costurados na denúncia do MP. “Nesse esquema criminoso”, dizem os procuradores, “Lula dominava toda a estrutura por ele montada, com plenos poderes para decidir sobre sua prática, interrupção e circunstâncias.” Ele era o maestro da orquestra criminosa.

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