Vice-líder do PT acusa Cunha de articular impeachment de Dilma

  • Por Agência Câmara Notícias
  • 06/08/2015 20h39
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BRASÍLIA, DF, 17.07.2015: EDUARDO-CUNHA - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anuncia nesta sexta-feira (17) seu rompimento político com o governo Dilma Rousseff. Segundo Cunha, a partir de agora ele passará a integrar as fileiras de oposição à gestão petista. "Eu, formalmente, estou rompido com o governo. Politicamente estou rompido", enfatizou Cunha em coletiva de imprensa no salão verde da Câmara, em Brasília (DF). (Foto: Ed Ferreira/Folhapress) Ed Ferreira/Folhapress Eduardo Cunha anuncia rompimento com o governo

O vice-líder do PT deputado Henrique Fontana (RS) acusou nesta quinta-feira (6) o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, de estar articulando um golpe institucional que teria como objetivo o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

“Ele [Cunha] é presidente há seis meses da Câmara e nunca votou contas [de presidentes da República]. De repente, exatamente uma semana depois que um delator da [operação] Lava Jato diz que ele chantageou para receber 5 milhões de dólares, ele anuncia que vai para oposição, que vai implantar quatro CPIs – todas sem o PT – e que vai colocar em votação as prestações de contas, que são um dos caminhos para o chamado golpe institucional, porque aqui não é impeachment, é golpe institucional”, acusou Fontana.

O presidente da Câmara ressaltou nesta tarde, no entanto, que a decisão de colocar para votar os pareceres do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre contas de ex-presidentes foi tomada antes do anúncio público de seu rompimento com o governo petista. “Eu havia declarado que colocaria essas contas para votar muito antes de ter declarado a mudança no meu alinhamento político”, disse Cunha.

Eduardo Cunha já negou envolvimento na articulação de um pedido de impeachment. “Não fiz manobra nenhuma e não combinei procedimento com quem quer que seja. A forma de tratar isso tem que ser séria, conforme a Constituição”, disse ele, em entrevista na quarta-feira (5).

O presidente da Câmara informou que os pedidos de impeachment em curso estão cumprindo prazos e alguns foram arquivados por não ter cumprido requisitos técnicos. Outros, acrescentou, vão passar por análises técnicas e procedimentos seguindo o regimento da Câmara e a Constituição.

Análise das contas
Nesta quinta-feira (6), o Plenário da Câmara aprovou quatro projetos de decreto legislativo favoráveis às contas de três ex-presidentes da República: Itamar Franco (1992), Fernando Henrique Cardoso (2002) e Luiz Inácio Lula da Silva (2006 e 2008). Algumas contas foram aprovadas pelo Plenário mesmo com ressalvas.

A votação de todas as contas pendentes abre espaço para a análise das contas do governo da presidente Dilma Rousseff em 2014, que estão sendo questionadas pelo TCU e serão enviadas ao Congresso.

Segundo Fontana, a maior parte do PMDB não trabalha com a mesma tese de “golpe institucional” de Cunha. “Felizmente, a maior parte do PDMB, o vice-presidente [da República], Michel Temer, e nossos ministros estão com a presidenta e não estão com essa lógica”, disse Fontana.

Apoio da oposição
O deputado ainda acrescentou que Cunha estaria contando com o apoio de uma parte importante do DEM e do PSDB para levar adiante a tese de “golpe”. “Ele combina o seguinte: vou abrir caminho para um processo que possa levar ao impeachment da presidente Dilma e vocês me protegem”, disse.

Fontana ainda acusou a oposição de ter uma “indignação seletiva contra a corrupção”. “A chamada indignação contra a corrupção do DEM e do PSDB é seletiva, porque eles não sobem à tribuna para cobrar explicações do presidente Eduardo Cunha sobre as acusações feitas contra ele”, declarou.

O ex-consultor da Toyo Setal Júlio Camargo disse que Cunha lhe teria pedido propina de 5 milhões de dólares para negociar contratos com navios-sonda da Petrobras. As acusações foram feitas no processo de delação premiada à Justiça Federal, no Paraná, no âmbito da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

O presidente da Câmara nega as acusações e afirma que o empresário só o mencionou depois de pressionado pelo Ministério Público.

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