Vice-presidente da Braskem admite culpa da empresa no desastre ambiental de Maceió
Petroquímica fazia extração de sal-gema na capital alagoana, mas atividade resultou no afundamento do solo e, consequentemente, na evacuação de diversos bairros
Durante seu depoimento na CPI da Braskem no Senado, um representante da mineradora admitiu que a empresa é responsável pelo desastre ambiental e social ocorrido em Maceió, que resultou no afundamento do solo em diversos bairros da cidade. “A Braskem tem a sua culpa nesse processo, e nós assumimos a responsabilidade por isso”, disse Marcelo Arantes, vice-presidente global de Pessoas, Comunicação, Marketing e Relações com a Imprensa. A afirmação veio em resposta a questionamentos do senador Dr. Hiran (PP-RR), que apontou que a empresa sempre evitou reconhecer sua responsabilidade no caso. “Isso já ficou claro. Não é à toa que todos esforços da companhia têm sido colocados para reparar, mitigar e compensar todo o dano causado de subsidência na região”, acrescentou o executivo. A Braskem começou a extrair de sal-gema na cidade em 1976 e interrompeu o processo em 2019. Milhares de pessoas ficaram desabrigadas e os bairros de Mutange, Bebedouro, Pinheiro, Bom Parto e Faro se tornaram “fantasmas” após o solo afundar em decorrência as atividades da petroquímica.
Anteriormente, a empresa havia negado sua responsabilidade, desde os primeiros relatórios que a indicavam como causadora do afundamento do solo na capital alagoana. A declaração do vice-presidente é considerada um marco na investigação da CPI, que busca analisar as responsabilidades da empresa no desastre e os danos causados por ele. Arantes também mencionou que, como parte desse reconhecimento da responsabilidade, a empresa negociou um plano de pagamento de compensação financeira iniciado em 2019 para os moradores e proprietários de terrenos e imóveis na região afetada.
Antes de seu depoimento, o executivo da Braskem solicitou e obteve um habeas corpus concedido pelo ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), para ficar em silêncio diante de perguntas que pudessem incriminá-lo. Essa medida foi criticada pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), que expressou descontentamento com o silêncio em questões técnicas durante a oitiva. A CPI da Braskem foi instalada para investigar os danos ambientais causados em Maceió pela empresa petroquímica, com foco em três etapas: análise do histórico da atividade industrial na região, investigação das causas e responsabilidades, e avaliação da atuação dos órgãos de fiscalização e proposição de melhorias no arcabouço legal e regulatório.
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