Você não dá a sentença antes de julgar, diz Cristovam Buarque sobre impeachment

  • Por Jovem Pan
  • 07/06/2016 11h38
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Comissão Especial do Impeachment 2016 (CEI2016) ouve, por sugestão dos governistas, os professores Geraldo Luiz Mascarenhas Prado, Ricardo Lodi Ribeiro e Marcello Lavenère. Em pronunciamento, senador Cristovam Buarque (PPS-DF). Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado Marcos Oliveira/Agência Senado Cristovam Buarque - Ag. Senado

Com a aprovação do cronograma de trabalho da comissão do impeachment aprovada, a expectativa é de que, após duas semanas de oitivas de testemunhas e esclarecimentos de e peritos e juntada de documentos, a votação do processo ocorra nos dias 1º e 2 de agosto. Após esta data, o presidente do Supremo Tribunal federal, Ricardo Lewandowski, tem cerca de doze dias para marcar a data da votação final que, segundo o que se fala em Brasília, poderá ocorrer no dia 17 de agosto.

Um dos votos favoráveis à admissibilidade do processo de impeachment na Casa, o senador Cristovam Buarque falou com exclusividade ao programa Morning Show, da rádio Jovem Pan. O senador pelo PPS revelou não ter decidido ainda como dará seu voto na votação final.

“Não decidi ainda, porque estamos em um julgamento. Você não dá a sentença antes do julgamento. A defesa da presidente chegou aqui e tem 470 páginas. Não vou dar o meu parecer antes da defesa. É o mínimo que posso fazer. Não estou nem avaliando [meu voto], estou julgando”, disse.

O senador Cristovam Buarque ressaltou que irá votar com “convicção” e com “argumentos que podem não servir para os outros”. Segundo ele, o Brasil virou “torcida”, mas na hora do voto ele não tratará as pessoas como torcidas e reiterou: “vou analisar e vou julgar”.

Defesa de Dilma

No início deste mês, o ex-advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo entregou a defesa escrita da presidente afastada, Dilma Rousseff, à comissão do impeachment no Senado.

O documento conta com mais de 300 páginas e repete os argumentos apresentados à Câmara de que não existe crime de repsonsabilidade. Cardozo cita também as recentes gravações reveladas com conversas entre Romero Jucá e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.

Sobre a leitura da defesa, Cristovam Buarque ressaltou a necessidade de uma assitência jurídica: “não consigo ler isso sozinho”.

13 anos de PT, impeachment e Dilma

Para o senador do PPS, a abertura do processo de impeachment contra a petista é uma “catástrofe necessária”, bem como tirar a presidente no meio de seu mandato “é uma tragédia”.

Buarque ponderou, no entanto, que um retorno de Dilma Rousseff à Presidência da República de forma igual ao seu Governo anterior e ao seu atual mandato também seria um desastre. “Estamos em uma situação de desastre dentro de desastre”.

“Pena que não haja uma balança para colocar os desastres um em cada prato”, brincou o senador sobre o impeachment e os 13 anos de Governo petista.

Segundo Buarque, o maior erro do PT nestes 13 anos foi “acreditar nas próprias narrativas que criou”, enquanto o de Dilma foi “não ter escutado os alertas, ter ficado presa”.

Encontro com Dilma e almoço com Temer

Na última semana, o senador tee um encontro com a presidente afastada. Segundo ele, o tema do impeachment não foi abordado. “Falamos da esquerda, da crise, dos erros, do Papa Francisco, do Mediterrâneo, não tocamos no assunto do impeachment”, pontuou.

Sobre o almoço que teve recentemente com o presidente interino, Michel Temer, foi uma conversa mais longa, porém o assunto “impeachment” também não foi abordado. Buarque defendeu ao peemedebista que este tenha um interlocutor para tratar de agenda com excluídos.

“O que me incomoda é pensarem que fui lá pedir alguma coisa para definir meu voto [no processo de impeachment]. Temer ofereceu um ministério através do meu partido, que disse que seria eu, mas eu disse que não queria. Porque, se eu vou votar pelo impeachment ou contra o impeachment, não tenho que ser ministro. Vou votar com base no meu julgamento”, defendeu-se.

Presidência em 2018?

Cristovam Buarque foi enfático: “eu não acredito que seja possível ser candidato, mas se vier eu estou pronto”.

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