Brics se reúnem com Unasul em seu projeto de aproximação da América Latina
Eduardo Davis.
Brasília, 10 jul (EFE).- Os líderes dos Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, vão realizar em Brasília, no dia 16 de julho, a primeira reunião formal do grupo com os presidentes dos países da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), o que representará um passo decisivo em sua aproximação com a América Latina.
O encontro ocorrerá após a 4ª cúpula das cinco grandes economias emergentes. Segundo fontes oficiais disseram à Agência Efe, um dos objetivos da reunião é apresentar para a América do Sul as possibilidades do futuro banco de desenvolvimento do grupo, que deverá ser formalizado um dia antes, em Fortaleza, durante a cúpula dos Brics.
O banco dos Brics nascerá com um aporte inicial de US$ 50 bilhões (cada país contribuirá com US$ 10 bilhões) e terá como objetivo financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento no próprio grupo e também em nações mais pobres da África e América Latina.
O banco deverá começar a funcionar em dois anos. A instituição financeira abrirá novos horizontes para países da América Latina que até agora dependem de entidades como o Fundo Monetário Internacional (FMI) ou o Banco Mundial, dominados pelas grandes potências.
Fontes diplomáticas brasileiras explicaram à Efe que, em função da demora na reforma dos organismos financeiros nascidos dos acordos de Bretton Woods (1944), os Brics podem oferecer aos países mais pobres um novo tipo de relação.
Além de fortalecer a cooperação no eixo sul-sul, que os Brics já promovem desde sua constituição, um banco dessa natureza poderia apresentar um desafio político à hegemonia das grandes potências, segundo indicam muitos analistas.
O Brasil, por seu próprio interesse e peso regional, fortaleceu na última década o apoio ao desenvolvimento sul-americano e da América Latina, onde China e Rússia também fixaram boa parte de seus interesses econômicos e políticos.
A Índia e a África do Sul estão atrasadas em suas relações com a América Latina, mas o forte interesse de seus aliados dos Brics pode abrir as portas de uma região que procura investimentos e alternativas para as condições impostas por organismos como o FMI.
A reunião entre os Brics e Unasul será ainda um preparativo de uma primeira reunião entre os líderes da China e Brasil e do chamado quarteto da Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac), composto por Costa Rica, Cuba, Equador e Antígua e Barbuda.
Este encontro também acontecerá em Brasília, um dia depois da Cúpula Brics-Unasul, e foi promovido pela China, que tem o objetivo de se transformar no grande “parceiro estratégico” da América Latina, segundo declarou o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, durante uma visita que fez à região em abril.
Segundo dados oficiais, o investimento chinês nos países da América Latina chegou a cerca de US$ 100 bilhões entre 2005 e 2013 e os especialistas regionais acreditam que continuará subindo nos próximos anos.
Os investimentos se concentram em matérias-primas, das quais a China tem enorme demanda, e incluem desde petróleo de Venezuela, Brasil e Peru, até minerais do Chile e outros países da região.
No entanto, a China pretende se diversificar e entrar totalmente no setor de infraestrutura, área em que a América Latina tem enormes carências, o que prejudica seu desenvolvimento.
Mas os interesses chineses na região vão muito além dos horizontes estritamente econômicos e comerciais e abrangem também a geopolítica.
De fato, a reunião com o quarteto da Celac será preparatória de uma primeira reunião entre chanceleres da América Latina e China que está prevista para o fim do ano em Pequim, e para uma cúpula entre chefes de Estados e de governo. EFE
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