Bronx comemora seu centenário e seu renascimento
Ruth E. Hernández Beltrán.
Nova York, 9 jan (EFE).- O condado do Bronx, o único de Nova York com maioria de população de origem hispânica, comemorou nesta semana seu primeiro centenário em meio a uma grande transformação que o levou de símbolo de decadência urbana nos Estados Unidos a um exemplo de renascimento, que ainda continua.
“O Bronx foi um exemplo de tudo de ruim na vida urbana e hoje em dia é exemplo do renascimento”, explicou à Agência Efe Fernando Ferrer, ex-presidente do condado e a quem se reconhece por ter feito as bases do atual desenvolvimento do condado.
“Vimos durante os últimos 25 anos quase um milagre no Bronx com o desenvolvimento de casas, parques, escolas, hospitais, centros de saúde, infraestrutura, universidades”, destacou o político porto-riquenho, sobre a administração de 14 anos em que foram criadas ou reformadas 66 mil casas.
Ferrer, que chegou à Presidência do condado em 1987, se referiu aos anos difíceis das décadas de 1970 e 1980, quando o Bronx passou por uma época terrível de desemprego, pobreza, drogas, criminalidade e marginalização social, esquecido além disso por investimentos privados ou públicos no meio da crise econômica que afetava o país.
Um passeio pelo bairro vizinhos do sul do Bronx, – cuja parte mais próxima a Manhattan é conhecida agora como SoBro e é o novo lar de artistas, e onde se duplicaram os restaurantes e outros negócios – evidencia a transformação: residências privadas com donos orgulhosos da vizinhança, novos prédios de apartamentos, outros renovados, restaurantes e shoppings que abrigam lojas de departamento ou redes de farmácias.
Neste dia 9 de janeiro será dado o tiro de largada do início das atividades para celebrar os cem anos do condado, situado ao norte de Manhattan, e que toma seu nome do holandês Jonas Bronck, que chegou ali com a primeira colônia de europeus que se estabeleceu no lugar em 1639 e construiu a primeira fazenda.
Em janeiro de 1914, a parte norte que pertencia ao condado de Westchester e o resto do bairro que pertencia a Manhattan se separaram para formar o Bronx, data que celebrarão com mais de cem eventos ao longo deste ano, organizados por um comitê liderado por Ferrer.
“O condado do Bronx teve uma história impressionante e este centenário é um reconhecimento do progresso que fizemos em cem anos”, afirmou com satisfação Ferrer.
O bairro, cuja população é 53% latina – porto-riquenhos e dominicanos em sua maioria -, é ainda o mais pobre dos cinco condados da cidade, com uma taxa de pobreza de 30,4%, a mais alta do estado, mas seu atual presidente desde 2009, Rubén Díaz, é otimista de que antes que terminem os seus próximos quatro anos no cargo poderá anunciar que tudo isso ficou no passado.
Díaz sabe que ainda há um longo caminho a percorrer, mas acredita que os novos projetos de desenvolvimento reduzam a taxa de desemprego, agora em 12,2%, o mais alto entre os condados do estado.
Entre esses projetos figuram a construção de outra loja de departamentos, uma quadra de tênis e o desenvolvimento de centros esportivos, como o maior centro de esportes e lazer sobre gelo do mundo no antigo arsenal de Kingsbridge e um campo profissional de golfe, entre outras iniciativas que impulsionarão a economia, além das oportunidades para pequenos negócios.
O presidente do condado destaca feliz que a isso se soma a contínua redução da criminalidade, em seu ponto mais baixo desde a década de 1960, depois que a violência criou uma imagem negativa que se plasmou no filme “Os Apaches do Bronx” (1981) e que ainda, apesar do progresso dos últimos anos, ainda acompanha ao bairro.
“A imagem de outros condados e lugares mudou embora o crime seja mais alto que no Bronx. Fico chateado que na imprensa, em filmes de Hollywood, continuemos com essa imagem negativa”, afirmou.
Após renascer, o Bronx, o condado mais verde da cidade de Nova York pela extensão de seus parques, luta por mudar sua imagem.
Como lembrou Díaz, o bairro melhorou tanto que até a própria rainha da Espanha visitou em novembro passado uma escola que se transformou em modelo de ensino bilíngue inglês/espanhol.
Segundo Díaz, é preciso que se conheça a nova verdade do condado, que um dia foi o bairro esquecido de Nova York, mas desde 1923 é o lar dos famosos Yankees, além de sediar 12 universidades e colégios universitários, o zoológico e o jardim botânico da “Big Apple”, museus, o famoso bairro italiano, entre outros atrativos. EFE
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