Busca de solução urgente para a Grécia ofusca reunião do G7

  • Por Agencia EFE
  • 28/05/2015 16h04

Juan Palop.

Dresden (Alemanha), 28 mai (EFE).- A necessidade urgente de encontrar uma solução para a crise da Grécia ofuscou nesta quinta-feira, durante a reunião de ministros de Finanças do G7 em Dresden (Alemanha), os debates para dinamizar o crescimento global e para combater a fraude fiscal.

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, e o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, afirmaram em Dresden, em declarações separadas, que ainda restam muitos cabos soltos, apesar de o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, ter assegurado em Atenas que o acordo poderia ser fechado em questão de dias.

Lagarde advertiu que “há muito trabalho por fazer” para que se possa carimbar um acordo entre Grécia e o agora denominado grupo de Bruxelas, composto pelo FMI, o Banco Central Europeu (BCE) e a Comissão Europeia.

“Há avanços claros em diferentes áreas, mas há muito trabalho por fazer”, assegurou.

A diretora-gerente do FMI comentou em outras declarações que “é muito improvável que nos próximos dias alcancemos uma solução compreensiva” e assinalou que, por causa da falta de avanços na negociação, “uma saída da Grécia (da zona do euro) é uma possibilidade”.

Já o ministro das Finanças alemão, representante do setor mais reticente a ceder perante Atenas, declarou que “não se avançou muito” nos últimos dias e que lhe surpreendem as declarações procedentes de Atenas.

Distintas fontes do BCE e da Comissão citadas pela imprensa alemã no marco desta reunião do G7 apontaram que as negociações não estão suficientemente maduras para falar de um acordo e que os avanços são muito lentos.

Além disso, negaram os rumores sobre uma possível reunião extraordinária do Eurogrupo na semana que vem para estudar um possível acordo.

Atenas deve arcar em junho com a devolução de 1,5 bilhão de euros de um crédito do FMI e muitos duvidam que possa cumprir com seus compromissos financeiros nos próximos meses.

A respeito da Grécia, o vencedor do Prêmio Nobel de Economia, o americano Robert Shiller, que discursou perante os ministros de Finanças do G7, disse posteriormente a uma televisão alemã que esse país “poderia provocar uma nova crise” financeira, embora tenha se mostrado seguro de que finalmente haverá um acordo.

A primeira jornada em Dresden – após o ato inaugural de ontem – começou com um simpósio de especialistas no qual economistas de renome como Shiller e Nouriel Roubini alertaram para a volta das bolhas financeiras que estão sendo criadas nos mercados devido às políticas monetárias expansivas e às baixas taxas de juros.

A primeira sessão de trabalho, por sua parte, esteve dedicada a buscar estratégias para instigar o crescimento econômico global, anêmico desde a última grande crise financeira.

Além da necessidade de investir com visão estratégica e das advertências que o excesso de dívida pública é prejudicial, os participantes não se puseram de acordo sobre as ferramentas para sair da crise – reformas ou impulsos monetários – e a ênfase adequada dos ajustes.

Na segunda sessão de trabalho foi abordada a necessidade de melhorar a regulação financeira e aprofundar os intercâmbios de informação multilaterais para combater tanto a fraude fiscal como as práticas – legais, mas controversas – de engenharia tributária de algumas multinacionais.

Neste sentido, os membros do G7 consideraram que o acordo para trocar informação fiscal de forma automática assinado no ano passado por 50 países – e que entrará plenamente em vigor em 2017 – já está dando seus “primeiros frutos” e fazendo aflorar ativos até agora não declarados.

Todos estes atos aconteceram a portas fechadas, para possibilitar um diálogo aberto entre os participantes, segundo os organizadores, e os meios de comunicação só foram informados indiretamente deles por meio de alguma delegação participante.

Berlim elaborou este encontro de tal forma que não haja pressão sobre os participantes e, por isso, eliminou a elaboração do habitual comunicado final. EFE

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