“Caçador de nazista” alemão diz que sua tarefa ainda não acabou
Berlim, 20 mai (EFE).- O diretor do Escritório Central de Investigação dos Crimes Nazistas, Kurt Schrimm, acredita que seu trabalho ainda não concluído, mesmo que a avançada idade dos supostos criminosos fragilize a atuação do organismo na justiça.
“São investigações longas e com altos custos, e nosso departamento não tem capacidade jurídica para instruir seus próprios sumários e, em muitos casos, não chegamos nem a abrir processo. Mas é preciso assumir esse risco”, informou Schrimm durante um encontro com a imprensa estrangeira nesta terça-feira.
Depois de 69 anos da derrota do Terceiro Reich, o grande obstáculo dos chamados “caça nazistas” é o fato dos “perseguidos” terem morrido ou superado os 90 anos, além da falta de testemunhas.
Nos casos apresentados à Justiça, os réus costumam chegar em cadeira de rodas ou maca, enquanto os processos costumam ser marcados por frequentes interrupções por prescrição médica e pedidos de sobrestamento por razões humanitárias.
Esse foi o caso do ucraniano John Demjanjuk, extraditado à Alemanha dos EUA em 2009 e condenado a cinco anos de prisão em 2011 por cumplicidade na morte de 28 mil judeus no campo de concentração nazista de Sobibor.
No entanto, até sua condenação, o processo se estendeu por anos e enfrentou inúmeros recursos, enquanto o julgamento, que mais parecia um “martírio”, acabou com uma condenação simbólica sobre um nonagenário que morreu dois anos depois.
Recentemente, a justiça alemã, por razões de saúde, libertou outros dois supostos criminosos nazistas, ambos com mais de 90 anos e ex-guardas de Auschwitz, sendo que um deles ainda foi indenizado.
“Não devemos nos desmotivar diante desses aparentes fracassos”, apontou Schrimm, que reconhece que se “daria por satisfeito” se pelo menos 10 do total das 30 investigações (ainda abertas) acabassem em processos.
Schrimm tem cargo de promotor, mas seu departamento não tem poder para instruir sumários – um fato que lamenta, mas não pode evitar.
O Escritório Central de Investigação sobre Crimes Nazistas foi fundada em 1958, 13 anos depois do fim da II Guerra Mundial, abrindo investigações contra cerca de 105 mil suspeitos, dos quais 6,5 mil foram encaminhados à justiça, o que é um balanço “nada frustrante”, declarou Schrimm.
Em suas declarações, Schrimm também relatou sua experiência na América Latina, um dos lugares de destino do “exílio nazista”, onde foi “estupendamente atendido”, mas não conseguiu avançar na investigação de um só caso.
No Brasil, por exemplo, ele enfrentou a dificuldade da diversificação do material a ser investigado por todo país, o que impossibilitou um trabalho centrado nas atas relacionadas com a imigração entre 1945 e 1954, muitas delas com documentos da Cruz Vermelha Internacional ou camuflados entre os refugiados da guerra. EFE
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