Café da Colômbia: das “vacas magras” ao novo posicionamento mundial

  • Por Agencia EFE
  • 05/03/2014 06h23

Daniel M. Salazar Castellanos.

Bogotá, 5 mar (EFE).- O café da Colômbia, base da economia do país durante décadas, se recupera de sua recente grave crise graças à alta dos preços internacionais, aos inconvenientes que afetam seus concorrentes, ao interesse dos importadores por suas marcas gourmet e a um aumento do consumo.

Esta recuperação beneficiará primeiro as cerca de 550 mil famílias que vivem do café na Colômbia, as que viram nos últimos quatro anos as pragas, as inundações e a desvalorização do peso colombiano acabar com suas economias e pôr em risco o cultivo mítico deste país sul-americano.

“Viemos de uma situação complicada, houve quatro anos de chuva, com médias históricas, que afetaram o café e provocaram a proliferação de pestes”, explicou à Efe Rodrigo Londoño, do Comitê de Cafeicultores de Antioquia, uma das regiões produtoras.

“Passamos de produzir cerca de 11 milhões de sacas anuais para só sete”, afirmou Londoño, explicando a consequência da ferrugem do café, um fungo que afeta os cafezais e que só em 2010 provocou a perda de 30% da produção.

Esta situação gerou fortes protestos e se transformou em uma grande dor de cabeça para o governo do presidente Juan Manuel Santos, especialmente a partir de 2012, quando surgiu o movimento “Dignidade Cafeeira” que chegou a não reconhecer a histórica Federação Nacional de Cafeicultores.

Mas o otimismo veio com a progressiva valorização do dólar, que estava estagnado desde 2012, e estima-se que haverá aumento de 2% do consumo de café no mundo, e que as medidas contra as pragas reduzirão a infestação dos cafezais de 46% para 4%.

Em entrevista à Efe, o gerente da Federação Nacional de Cafeicultores, Luis Genaro Muñoz, disse esperar que “a produção de 2014 será de 11,3 milhões de sacas” frente às 10,9 milhões do ano passado, quando cresceram 41% em relação a 2012.

E só em janeiro passado foram 1,01 milhão de sacas, o melhor mês desde 2007, frente às 877.000 do mesmo período no ano anterior, o que significa um aumento de 15%. Nesse mês, além disso, foram exportadas 967.000 sacas de 60 quilos, 30% a mais que em janeiro de 2013.

Este bom momento, afirmou Muñoz, responde “a um ordenado e consistente plano para resgatar a produtividade desde 2008”, quando “foram renovadas por plantio 2,8 bilhões de árvores em mais de 550 mil hectares”. Os cafezais passaram a ser mais jovens e, portanto, mais produtivos.

A isso se soma a injeção ao setor de 500 bilhões de pesos (US$ 250 milhões) impulsionada pelo governo através do Incentivo de Capitalização Rural.

O presidente Santos disse recentemente que “hoje os cafeicultores estão no melhor dos mundos” porque o grão é melhor pego e há um ótimo volume de produção, e isso “se traduz em maior receita”.

Mas ainda restam desafios, entre eles que a Colômbia recupere seu status mundial, já que atualmente é o terceiro maior produtor, atrás de Brasil e Vietnã.

As vantagens para a Colômbia são as secas que afetam o Brasil, as pragas nos países centro-americanos, onde cerca de 50% da produção está em risco, e a alta dos preços nos mercados internacionais.

Tudo isso permitiu que o preço do grão colombiano se recuperasse 55% desde o começo de janeiro deste ano.

Estas circunstâncias se somam à elaboração de cafés gourmet, o grande desafio da Colômbia, onde diversas regiões estão focadas em encontrar o café mais suave.

Um exemplo está nos esforços da empresa Amor Perfecto, que em 2012 foi reconhecida por elaborar “o melhor café do mundo” e em 2013 obteve o segundo lugar por sua técnica de torragem do grão, em ambos os casos durante a World Roasters Formosa Invitational Cup, em Taiwan. EFE

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