Calma volta a Ferguson após visita do procurador-geral dos EUA

  • Por Agencia EFE
  • 21/08/2014 16h03

Washington, 21 ago (EFE).- A calma voltou a Ferguson, no estado americano do Missouri, depois de uma noite de manifestações pacíficas e sem incidentes após a visita do procurador-geral dos Estados Unidos, Eric Holder, que expressou nesta quinta-feira seu apoio a essa comunidade e garantiu uma investigação “justa”, “exaustiva” e “independente”.

O procurador-geral enfatizou em entrevista coletiva em Washington a necessidade de “reconstrução” da relação de confiança entre as forças de segurança e as comunidades onde prestam serviço para garantir um tratamento “justo e igualitário”.

Holder, o primeiro procurador-geral negro do país, afirmou que o incidente trouxe à tona “tensões subjacentes” que existiram durante anos em Ferguson e que “estão em banho-maria” também em outras comunidades do país.

O caso gerou novamente o debate racial no país, ainda com a lembrança recente do caso de Trayvon Martin, um adolescente negro que morreu baleado por um vigia na Flórida em 2012, quando voltava para a casa de seu pai depois de comprar doces em uma loja próxima.

Durante sua visita a Ferguson, um subúrbio a cerca de 20 quilômetros de Saint Louis, se reuniu com parentes de Brown, “que, assim como muitos em Ferguson, querem respostas”, disse Holder, que acrescentou que falou com eles não só como procurador-geral, mas também como pai de um adolescente.

O procurador-geral disse entender a “desconfiança” que existe com as forças de segurança em algumas comunidades, mas garantiu que o Departamento de Justiça seguirá dando apoio a Ferguson e continuará com o diálogo iniciado sobre a necessidade de uma aproximação.

Holder disse que a investigação federal “levará tempo”, mas os cidadãos de Ferguson podem ter certeza que os agentes federais, investigadores e promotores encarregados farão uma investigação “justa”, “exaustiva” e “independente”.

O Departamento de Justiça abriu uma investigação federal para determinar se houve violação das leis federais sobre direitos civis e ordenou uma autópsia independente da realizada pelas autoridades locais.

A calma voltou na noite de quarta-feira a Ferguson e na avenida West Florissant, o epicentro dos protestos. A concentração de pessoas foi menor e os mesmos voltaram para suas casas mais cedo, o que favoreceu para uma madrugada tranquila e sem confrontos com a polícia, com apenas seis prisões, em comparação com as 47 do dia anterior.

“Hoje foi uma noite muito boa em Ferguson”, informou em entrevista coletiva o capitão da Patrulha de Estradas do Missouri, Ron Johnson, um negro nascido e crescido na região, que foi escolhido para supervisionar a resposta aos protestos e apaziguar as tensões.

“Os pequenos passos levam a grandes. Damos pequenos passos todas as noites”, garantiu Johnson, que considerou que a visita de Holder trouxe confiança para a população e que suas reivindicações de justiça estão avançando. “Acho que a visita fez com que a comunidade soubesse que suas vozes foram ouvidas”, disse.

Ainda é preciso esclarecer o que aconteceu no dia 9 de agosto, quando Michael Brown, de 18 anos, foi baleado pelo menos seis vezes pelo policial Darren Wilson, segundo o relatório preliminar da autópsia independente encomendada por sua família.

O jovem caminhava pelo meio da rua com um amigo quando o agente lhes ordenou que utilizassem a calçada, o que gerou uma discussão.

A polícia diz que Brown investiu contra o veículo e atacou o agente, o que foi negado por seu amigo, que garantiu que o jovem tinha levantado os braços em sinal de rendição quando o agente começou a atirar.

O policial, que não fez nenhuma aparição pública desde o incidente, foi afastado temporariamente da corporação. Apenas alguns amigos o defenderam na imprensa – alguns por intermédio de um pseudônimo – e um grupo foi criado no Facebook em seu apoio após os protestos.

Kevin Gregory, amigo de Wilson há 9 anos e aspirante a oficial de polícia, se referiu a ele como um policial que gosta de ajudar as pessoas e se mostrou convencido que agiu em legítima defesa.

“Não tenho a mínima dúvida: Estou 100% seguro que temeu por sua vida”, garantiu Gregory em declarações ao “St. Louis Post-Dispatch”. EFE

elv/rpr

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