Campanha arqueológica no Nepal tenta confirmar data de nascimento de Buda
Manesh Shrestha.
Katmandu, 15 mar (EFE).- Arqueólogos nepaleses e britânicos inciaram uma nova campanha para tentar confirmar o ano de nascimento de Buda, que segundo as últimas descobertas teria ocorrido pelo menos um século antes do que se pensava.
Os trabalhos se desenvolvem na área de Lumbini, no sul do Nepal e onde em 2013 foi escavado um local de culto budista que é datado do século VI antes de Cristo, quando anteriormente se dava por certo que Buda tinha nascido no século seguinte.
“A descoberta de um ano atrás nos encorajou a seguir escavando na mesma área”, explicou à Agência Efe Kosh Prasad Acharya, especialista nepalês que faz parte da equipe arqueológica, que em fevereiro concluiu a primeira fase de seu novo rastreamento.
Acharya anotou que “junto às inscrições localizadas no Sri Lanka, o achado de 2013 permite apontar que Buda nasceu por volta do ano 623 antes de Cristo, quando no Ocidente se considerava provado que o ano de seu nascimento foi no século V da era cristã”.
O especialista descartou, em todo caso, que o local de culto descoberto fosse hinduísta, como assinalam algumas versões.
“A orientação do templo é budista. Se tivesse sido praticada outra religião, o templo teria uma orientação diferente”, explicou.
O considerado lugar de nascimento de Buda foi identificado em 1896 em uma área florestal de Lumbini, perto da fronteira com a Índia e capital dos domínios do rei King Sudhodhan, pai de Siddhartha Gautama (nome de Buda antes que tivesse “O Iluminado”).
O achado aconteceu após a descoberta na área de um édito em pedra de Ashoka, imperador indiano do século III antes de Cristo que migrou do hinduísmo ao budismo e prestou particular atenção aos lugares santos de sua nova fé religiosa.
Um século depois da localização, nos finais do século XX, uma missão japonesa descobriu na área vasilhas da dinastia maurya – à qual pertencia o imperador Ashoka -, o que para bom número de especialistas confirmou que se tratava do berço de Buda.
“Mas para mim não foi suficiente. Expus a necessidade de escavar mais para seguir investigando e esclarecer o assunto”, afirmou Acharya.
Fruto desse empenho, em 2010 foram retomados os trabalhos de escavação, que deram passagem à descoberta, no ano passado, das estruturas de um templo desconhecido cuja datação foi possível pelo método do carbono 14 e centra os trabalhos atuais.
Segundo a tradição, a rainha de Maya Devi, esposa do rei Sudhodham, deu à luz a Buda sob uma árvore que em breve se transformou em objeto de culto e em cujos arredores foram construídas as estruturas que permitam esclarecer o enigma.
Mas além de seu valor arqueológico, o resultado das novas pesquisas terá um alto significado religioso para os aproximadamente 1 bilhão de budistas que atualmente estão espalhados pelo mundo, principalmente no continente asiático.
Paradoxalmente, o êxito do budismo no plano universal contrasta com sua pouca presença no berço dessa religião, o subcontinente indiano, onde após ter tido grande expansão na antiguidade, o acompanhamento das doutrinas do príncipe transformado em renunciante é minoritário e, em algumas zonas, marginal. EFE
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