Campanha na França combate assédio sexual no transporte público

  • Por Agencia EFE
  • 10/07/2015 10h25
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Lucía Menéndez.

Paris, 10 jul (EFE).- O governo da França decidiu combater firmemente os casos de assédio sexual no transporte público, levando em conta que a maior parte dos usuários do sistema é de mulheres (duas a cada três passageiros) e que, segundo uma pesquisa recente, seis de cada dez delas disseram temer serem atacadas dentro dos veículos.

Em colaboração com órgãos de transporte público e associações de defesa dos direitos das mulheres, o governo do primeiro-ministro Manuel Valls – com os Ministérios de Interior, Transportes e Igualdade à frente – criaram uma campanha para acabar com o problema.

“Trata-se de uma tentativa de privar a liberdade – neste caso, das mulheres -, algo inadmissível em um país como a França”, declarou a secretária de Estado para os Direitos das Mulheres, Pascale Boistard, durante a entrevista de apresentação da iniciativa.

O plano inclui medidas como uma campanha de sensibilização de todos os usuários e mobilizações contra a publicidade e mensagens sexistas.

Também pretende-se conscientizar sobre o crime de assédio sexual (com penas de prisão e multas correspondentes em cada caso) e introduzir melhorias nos serviços de alerta, como o desenvolvimento de um aplicativo para celulares.

Mas, sem dúvida, a medida mais chamativa, que será implantada de modo experimental até sua eficácia ser comprovada em um estudo, será a de que os ônibus públicos em horário noturno deixem as mulheres – que assim solicitarem o mais perto possível de suas casas, a fim de evitar longos trajetos a pé em “espaços pouco seguros”. Este sistema, explicou Boistard, já foi iniciado em outros países como o Canadá.

Quanto aos serviços de segurança, o número de agentes nas estações de transporte público aumentará em 6 mil, incluindo forças da gendarmaria e da polícia. O secretário-geral do Serviço de Ferrovias (SNCF), Stéphane Volant, informou que serão disponibilizadas 70 mil câmeras de vigilância: 30 mil instaladas pela própria empresa e cerca de 40 mil pela Rede de Transportes da região de Paris (RATP).

O apelo sobre estes crimes ganhou força após a divulgação, em abril, de um relatório feito pelo Alto Conselho da Igualdade que conta com dados sobre a dimensão do assédio sexual na França.

A divulgação de reportagens sobre este assunto serviu também para conscientizar as instituições e órgãos públicos de que se trata de um problema real e claro na França.

A televisão pública francesa transmitiu no ano passado uma reportagem-documentário sobre o assédio sexual sofrido pelas mulheres em plena hora do rush na cidade de Paris. A matéria não só se centrava nos transportes, mas mostrava, da mesma maneira, como na avenida da Champs-Elysées mulheres eram claramente abordadas por homens que se ofereciam abertamente para ter relações sexuais, tudo isso acompanhado de assobios e insultos humilhantes.

Várias organizações e associações de defesa dos direitos femininos e de igualdade como “Stop harcèlement de rue” (“Pare com o assédio nas ruas”) denunciaram o problema e assessoraram o governo francês na criação deste novo plano.

A presidente do Observatório de Violência contra as Mulheres, Ernestine Ronai, lembrou à Agência Efe que o assédio sexual é um problema que se encontra infelizmente em todas as partes do mundo e que é muito necessária uma luta coletiva para encarar o problema.

O citado relatório do Alto Conselho da Igualdade também faz referência ao sexismo nas escolas e alerta sobre o assédio sexual que ocorre especialmente nos ônibus escolares. EFE

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