Campanha pela independência recorre ao simbolismo a um mês do referendo

  • Por Agencia EFE
  • 17/08/2014 09h21
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Guillermo Ximenis.

Londres, 17 ago (EFE).- A um mês do referendo sobre a independência da Escócia, os partidários do “sim” debulham argumentos econômicos e recorrem a símbolos históricos para tentar reverter as enquetes, que preveem uma vitória dos defensores da união.

O nacionalista Alex Salmond convenceu milhares de indecisos nos últimos meses, mas ainda está longe de superar em apoios a “Better Together” (“Melhor juntos”), a campanha contrária à separação lançada pelos três partidos majoritários do Reino Unido – conservadores, trabalhistas e liberal-democratas.

Os escoceses dispostos a votar pela independência são 4% a mais em agosto do que em julho, 38% no total, segundo a última enquete do instituto ICM, enquanto os partidários do “não” são 2% a mais que há um mês, alcançando 47%.

Salmond, um político hábil no tête-à-tête, confiava que os debates televisados na reta final da campanha marcariam um ponto de inflexão nas pesquisas antes de 18 de setembro, mas até agora não parecem ter surtido efeito.

Apenas 19% dos espectadores perceberam como vencedor o líder do Partido Nacionalista Escocês (SNP) no debate que manteve com o trabalhista ex-ministro de Economia, Alistair Darling, que usou a estabilidade da libra esterlina como principal argumento para que a Escócia permaneça no Reino Unido.

Após essa derrota parcial, o primeiro-ministro escocês continuou ressaltou seu argumento econômico fundamental – que a Escócia, rica em petróleo, seria um país próspero por si mesmo -, e acrescentou, além disso, novos elementos simbólicos a sua campanha.Para marcar o último mês antes do referendo, Salmond elegeu neste domingo a abadia de Arbroath, um lugar representativo na história escocesa, para dar um discurso centrado nos benefícios financeiros da independência.

“Nosso projeto prevê que em um período de 15 anos os ingressos fiscais aumentarão em 5 bilhões de libras, o que representa 1 mil libras por cabeça, por cada homem, mulher e criança na Escócia”, declarou Salmond.

O nacionalista lançou sua mensagem do mesmo cenário onde no ano 1320 foi redigida a chamada “Declaração de Arbroath”, um texto em latim que mais de meio centena de nobres escoceses enviaram ao papa João XXII para ressaltar sua soberania e seu direito de usar a força militar para defender-se.

Nesse contexto, Salmond voltou a dirigir-se aos indecisos, cuja principal preocupação, segundo as enquetes, é a viabilidade econômica da independência.

“Nosso Produto Interno Bruto per capita é maior que o do Reino Unido, França e Japão”, ressaltou o líder do SNP, que lamentou que a Escócia “contribuiu aos cofres do Reino Unido mais que o resto nos últimos 33 anos”.

Para ressaltar seu argumento, Salmond lembrou que a Escócia “tem reservas de petróleo e gás que durarão décadas, e energias renováveis que durarão para sempre”.

O primeiro-ministro escocês tenta, nas últimas quatro semanas antes do referendo, resistir ao argumento que resultou mais eficaz aos partidários do “não”, a recusa de Londres a que a Escócia mantenha a libra esterlina se abandonar o Reino Unido.

A estratégia do governo britânico minou o roteiro do SNP, que no Livro Branco no qual detalhou seus planos para uma Escócia independente confiava na libra como a moeda do novo país e não prevê a criação de uma nova divisa, que nasceria sem a confiança dos mercados internacionais.

Perante o desafio colocado por Londres, Salmond sugeriu que a Escócia poderia manter a libra de maneira informal, assim como outros países fazem com o dólar, mas essa solução implicaria que o Banco da Inglaterra deixaria de dar apoio às entidades comerciais escocesas em caso de crise, o que prejudicaria sua imagem no exterior.

Conseguir o amparo do Banco Central Europeu (BCE), por outra parte, se Edimburgo decidisse aderir ao euro, seria um processo que poderia levar tempo. EFE

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