Campanha presidencial da Colômbia esquenta a três meses das eleições

  • Por Agencia EFE
  • 25/02/2014 18h24

Jaime Ortega Carrascal.

Bogotá, 25 fev (EFE).- A campanha eleitoral da Colômbia para as eleições presidenciais de 25 de maio, que parecia monótona, começou a esquentar agora que restam exatos três meses para o pleito com denúncias de espionagem, atentados e disputas internas nos partidos.

O próprio presidente Juan Manuel Santos, que aspira à reeleição, alertou de “motivações políticas” antes do pleito ao informar, no domingo passado, que sua conta pessoal de e-mail e as de alguns membros de sua família foram interceptadas por desconhecidos.

Quase ao mesmo tempo, no departamento de Arauca, no nordeste do país, a candidata presidencial do partido de esquerda União Patriótica (UP), Aída Abella, era alvo de um ataque a tiros contra sua caravana, o que evidenciou que exercer política no país continua sendo um risco.

Os dois fatos serviram para tirar do marasmo uma campanha que, apesar de ter começado oficialmente há um mês, parece não despertar grandes paixões entre o eleitorado, como mostra o fato de que o voto em branco aparece nas enquetes como a opção da maioria da população.

Uma pesquisa da empresa Cifras & Conceptos divulgado na semana passada mostrou que 30% do eleitorado optaria pelo voto em branco nas próximas eleições presidenciais, tendência que é mantida com algumas variações há meses.

De acordo com o presidente Santos, a “conduta ilegal” que representa a espionagem de seus e-mails privados coincide com o início da campanha eleitoral, e faz parte de uma “guerra suja” de alguns “na luta pelo poder”.

A intercepção das mensagens do presidente é investigada pela Promotoria, mas o líder advertiu: “Não seria de se estranhar que nos próximos dias, e até o final da campanha, circulem publicações destinadas a afetar o meu bom nome e meu governo”.

O escândalo coincidiu com outros dois pela espionagem da inteligência militar a dirigentes da esquerda e membros da equipe negociadora de paz com as Farc, ainda não comprovada, e com denúncias de suposta corrupção e outras irregularidades no exército que custaram o posto a seis generais.

No entanto, até agora nenhuma dessas denúncias teve impacto nem a favor nem contra a nenhum candidato nas enquetes nas quais, depois do voto em branco, Santos aparece como favorito com intenções de voto entre 26% e 34%.

Se for confirmado nas urnas o que as pesquisas indicam, o presidente teria que disputar um segundo turno em 15 de junho com o segundo mais votado, um posto concorrido, por enquanto, por quatro candidatos: dois de direita e dois de esquerda.

Após muito adiar, o presidente anunciou na segunda-feira que seu candidato à vice-presidência será Germán Vargas Lleras. Trata-se de um político de peso que por seu discurso duro contra a guerrilha tem uma base eleitoral importante e pode ajudá-lo a decolar nas pesquisas.

Porém, a nomeação de Vargas Lleras como vice não foi bem recebida por todos os setores da coalizão de governo, da qual participam o Partido do U, de Santos; o Liberal e Mudança Radical, de Vargas Lleras.

O senador Roy Barreras, do Partido do U, questionou a opção do presidente por Vargas Lleras. Ele disse que não gosta de “engolir sapos”, e que vão “perder Angelino” Garzón, o atual vice-presidente, que há tempos anunciou intenção de não concorrer ao segundo mandato.

Outro senador do Partido do U, Armando Benedetti, afirmou que se manterá à margem do “acordo” entre Santos e Vargas Lleras porque, na sua opinião, o presidente necessitará “quando for traído”.

Faltando três meses para as eleições, Santos parece ter mais problemas em sua própria coalizão que com os rivais, todos atrasados nas enquetes, abaixo de 10%, e sem a liderança ou o carisma suficiente para colocar um desafio real ao presidente.

Na corrida presidencial estão, além disso, Óscar Iván Zuluaga, do direitista Centro Democrático, liderado pelo ex-presidente Álvaro Uribe, ferrenho opositor de Santos; Marta Lucía Ramírez, do Partido Conservador; Clara López, do esquerdista Polo Democrático Alternativo; e Aída Abella, da UP, a que se somará o aspirante da Aliança Verde.

Aída está decidida a continuar a campanha apesar do ataque a sua caravana, que segundo o governo foi cometido pelo grupo guerrilheiro Exército de Libertação Nacional (ELN), porém a decisão definitiva será tomada pelo partido em 3 de março. EFE

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