Camponeses acusados por massacre que derrubou Lugo serão julgados em junho

  • Por Agencia EFE
  • 10/03/2014 15h43

Assunção, 10 mar (EFE).- O julgamento oral contra os camponeses acusados pela morte de 11 camponeses e seis policiais no Paraguai, em um confronto que provocou a destituição do presidente Fernando Lugo em 2012, será realizado no próximo dia 26 de junho, informou nesta segunda-feira à Agência Efe o promotor do caso, Khalil Rachid.

Os camponeses estão há quase dois anos em prisão preventiva após serem acusados pelo Ministério Público de serem os responsáveis de provocar um enfrentamento com 300 policiais de elite que terminou com 17 mortos.

O massacre foi um dos argumentos usados pelo Parlamento para fazer um julgamento político de Lugo e destituí-lo do cargo um ano antes de terminar seu mandato.

Lugo, que governava com o apoio de uma aliança de movimentos sociais e camponeses, foi substituído pelo direitista Federico Franco do Partido Liberal, que ficou isolado diplomaticamente quando os blocos regionais como o Mercosul consideraram a manobra como “uma alteração da ordem democrática”.

Rachid explicou à Efe que “mais de 120 testemunhas” falarão no julgamento “entre civis que estiveram dentro e forças especiais da Polícia Nacional”.

Os camponeses ocuparam essas terras para que fossem incluídas no programa de reforma agrária por considerar que pertencem ao Estado, que disputa sua propriedade com a família do falecido empresário Blas N. Riquelme, um importante membro do Partido Colorado, a formação do atual presidente do Paraguai, Horacio Cartes.

Vicente Morales, um dos advogados da defesa dos camponeses, únicos acusados pela morte dos policiais e de seus próprios companheiros que morreram durante a troca de tiros com os agentes, disse que ainda não receberam a convocação ao julgamento.

“Nem nós nem os acusados fomos notificados. Não é normal”, declarou Morales à Efe.

“Este julgamento tem um pré-julgamento claramente visível em razão da quantidade grande de irregularidades processuais cometidas pelo Ministério Público e pela juíza de garantias na audiência preliminar”, acrescentou o advogado.

Os camponeses foram indiciados por homicídio doloso, associação criminosa e invasão de imóvel alheio.

Cinco deles completam hoje 25 dias em greve de fome na prisão de Tacumbú, em Assunção, para que se acelere o litigo paralelo e pendente entre o Estado e a empresa sobre a quem corresponde a titularidade das terras.

A causa sobre quem é o dono do lugar se encontra emperrada na Suprema Corte devido à ação de inconstitucionalidade apresentada há um ano pela família Riquelme.

Os presos em greve de fome exigem não ir ao julgamento oral até que não se esclareça a titularidade do sítio. EFE

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