Camponeses denunciam que Paraguai esconde problemas perante visita papal

  • Por Agencia EFE
  • 07/07/2015 19h09
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Assunção, 7 jul (EFE).- A Federação Nacional Camponesa (FNC) denunciou nesta terça-feira que o governo do Paraguai está “maquiando” os problemas do país perante a iminente vista do papa Francisco, que chega nesta sexta-feira a Assunção.

“Estamos muito preocupados porque o papa precisava saber da situação que o Paraguai vive: que há latifúndios, milhares de camponeses sem-terra e sem acesso a educação e a saúde. Todos esses problemas estão sendo escondidos”, afirmou a representante da FNC Teodolina Villalba, que acompanhou a manifestação de professores hoje no centro de Assunção.

Dentro da agenda de Francisco no Paraguai está previsto um encontro com representantes da sociedade civil no estádio Leon Condou, na capital paraguaia. No entanto, as organizações civis lamentaram não seja oferecida a possibilidade de diálogo. Os grupos também reivindicaram o fato de o pontífice não receber indígenas, camponeses e pobres urbanos, os setores mais desfavorecidos do Paraguai.

O papa deve visitar o Banhado Norte, bairros que formam o cinto de pobreza de Assunção, e que estas organizações estimam que cresça anualmente pelo êxodo dos camponeses pobres de zonas rurais rumo à cidade.

Segundo Teodolina, a FNC quereria conversar com o pontífice sobre sua luta de mais de 20 anos para conseguir a reforma agrária que garanta o acesso às terras para os camponeses. Nos últimos dez anos, a organização detectou que o avanço dos latifúndios dedicados a monoculturas como a soja é cada vez maior, em detrimento da agricultura familiar, que possui cada vez menos espaços para desenvolvimento, e é afetada pela contaminação com agroquímicos das grandes explorações.

A perseguição a organizações camponesas também aumentou. De acordo Teodolina, muitos de seus dirigentes foram vítimas de processos judiciais ou presos “injustamente”.

Além da FNC, vítimas do massacre de Curuguaty, que em 2012 provocou a morte de 11 camponeses e seis policiais e a cassação do então presidente Fernando Lugo, anunciaram que esperam “que o papa se pronuncie sobre a terra, a liberdade e a justiça para Marina Kue”, como é conhecido o lugar onde ocorreram os fatos.

Estes camponeses reocuparam o território de Marina Kue em 27 de junho, enquanto esperam o próximo dia 27 quando será iniciado o julgamento oral e público contra os camponeses acusados de matar os seis policiais no massacre, apesar de não haver acusados pela morte dos 11 camponeses.

O Paraguai, cuja economia depende da agricultura e da pecuária, é um dos países com maior concentração de terras do mundo, onde 2,5% da população é dona de quase 90% da superfície cultivável, segundo a ONG Oxfam. EFE

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