Cancelamentos de voos prejudicam controle de epidemia de ebola

  • Por Agencia EFE
  • 24/09/2014 00h23
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Marta Hurtado.

Genebra, 22 set (EFE).- Os cancelamentos de voos e outras restrições de viagens isolam os países afetados pela epidemia de ebola e prejudicam a entrada de equipes e material médico de emergência, o que pode contribuir para expandir ainda mais o vírus, alertou nesta segunda-feira o Comitê de Emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O comitê realizou uma reunião para avaliar o andamento da epidemia de ebola que afeta a África Ocidental, e a resposta dos países afetados e da comunidade internacional.

Os especialistas reiteraram que o mundo enfrenta uma “emergência de saúde pública de alcance internacional” e solicitaram que tanto os países afetados como a comunidade internacional dobrem seus esforços para deter a expansão do vírus.

O ebola já infectou mais de cinco mil pessoas e matou 2.600. Os países mais afetados são por ordem de casos Libéria, Serra Leoa, Guiné e, em menor medida, Nigéria e Senegal.

O principal objetivo é deter a transmissão nos países afetados e evitar que a doença se propague internacionalmente mais do que já ocorreu.

Os membros do comitê reiteraram hoje o que já disseram durante sua primeira reunião, que as restrições de voos são contraproducentes.

“Os cancelamentos de voos e outras restrições de viagem isolam os países afetados, o que tem consequências econômicas perniciosas, dificulta a ajuda a os esforços de resposta e pode causar uma expansão internacional ainda maior”, afirmaram os especialistas.

“O comitê reitera encarecidamente que não se apliquem proibições generalizadas de viagens ou de comércio, exceto as restrições em relação às pessoas infectadas pelo ebola”, esclareceram.

Em sua primeira resolução, o comitê recomendou que os países onde há contágio do ebola realizassem exames na saída de aeroportos, portos marítimos e passagens na fronteira de toda pessoa com sintomas febris que podem ser associados à doença.

A recomendação se tornou um pedido expresso aos 194 Estados-membros da OMS para “não permitir a viagem de nenhuma pessoa com um mal-estar que possa ser ebola, a menos que a viagem seja parte de uma evacuação médica”.

Na prática, contudo, muitas companhias anularam os voos aos países afetados, o que teve um forte efeito na capacidade de se enviar ajuda tanto material como humana.

Muitos especialistas e equipes de ajuda tiveram que passar dias à espera de um voo comercial que os levasse aos seus destinos, ou precisaram viajar usando voos fretados pelas Nações Unidas ou outros organismos de assistência.

Outro efeito prejudicial foi o fato de especialistas não aceitarem viajar para as zonas afetadas pois não poderiam voltar assim que desejassem.

“O comitê sugere aos países afetados que se comprometam com o setor do transporte, especialmente com os setores marítimos e aéreos, para facilitar um entendimento mútuo sobre como desenvolver uma resposta coordenada”, acrescentou.

Além disso, o comitê pediu que qualquer medida de quarentena deve ser feita levando em conta as necessidades da população e se assegurando de que as pessoas confinadas têm comida e água armazenadas em casa.

O órgão da OMS recordou o grande número de funcionários sanitários que morreram ao combater a doença (mais de 300, segundo as últimas estimativas), e pediu que sejam fornecidos o material adequado para se evitar o contágio das equipes médicas. EFE

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